quarta-feira, 30 de setembro de 2009

"vale a pena ver de novo"

"você me bota na roda da vida de novo, e isso é impagável. é fantástico. isso é a sensação mais maravihosa que alguém pode gerar em outra pessoa, à guisa de todas as crises, rejeições, medos e problemas.

é porque a gente vive numa ditadura."

1.

"Sei lá. São tantas coisas. Você deve achar tudo ridículo. Eu quero falar do Deleuze. Queria ser ele, às vezes. Se eu pudesse, seria uma mistura dele com a Clarice Lispector. Se eu pudesse, mudava de planeta e ficava lendo livros em algum lugar que ainda não exista nada, nem água. Só suco de laranja. Sem gelo e sem açúcar."
2.


"toda hora me dá uma vontade de te buscar. ou roubar alguma coisinha pra você; fico me sentindo sozinho só pra lembrar que tem você nesta vida. penso: faço uns cursos e ocupo a cabeça. sei lá. penso em você toda hora. isso nao é asneira."
1.

"eu tenho agido de maneira que possa dar vida à vida, possa traçar rotas de fuga, me liberar quando estou aprisionado. se é carinho, se é desprezo, se é pudor, se é silêncio, se hoje quero te devorar ou te cuidar, sei lá: inventa-se a existência, que se recria sem párar. é o teu devir ou a minha dialética. ontem estava de um jeito, hoje de outro ad nauseum -tudo depende."
1.

"Fumei um cigarro agora e deu saudades de você. Ah, você me faz me sentir a vontade com meus erros, com a parte errada da minha vida (até porque, pro mundo, você faz parte dela). Acho que sinto um pouco de saudades do seus desprezos por mim. Me fazia tirar do lugar. "
2.

às vezes a vida parece um filme... e nos dias de tédio a gente bota pra passar algumas cenas. não dói, se a gente fingir que não atuou, apenas assistiu...
qualquer dia ainda te procuro, e faço um documentário que explique qual que é desse filme.


porque eu não entendi, até hoje.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

tá tudo cinza sem você...

"Chove lá fora
E aqui tá tanto frio
Me dá vontade de saber...

Aonde está você?
Me telefona
Me Chama! Me Chama!
Me Chama!..."


não é a primeira vez que escrevo: adoecer me deixa carente.
quero colo. e isso é algo mais twittero que bloggueiro, mas vai por aqui mesmo.

não suporto a lei dos 120 caracteres.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

no dia em que ocê foi embora...

eu fiquei sentindo saudades do que não foi,
lembrando até do que não vivi,
pensando em nós dois...

potência dos encontros, cantando músicas de amor e alegria, sorrisos largos e coisas desse tipo.
hoje, a vida parece gigante e habitável.

(não tá tudo dominado, não.
outro mundo se torna possível, afinal.)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

devir-rebanho

sempre que pego metrô em horários que está cheio, principalmente em horário de ida / retorno do trabalho / escola, tenho a sensação de estar em meio a um rebanho. principalmente de manhã: andam todos com um olhar morto, com cara de quem vai pro abate. todos disciplinados, andando na mesma direção.

nada os espera: é mais um dia, para mais um salário miserável. o mesmo ponto de pegar o vagão, a busca por um lugar pra sentar e lá se esparramar. até o apito de seu ponto tocar, e levantar-se, e caminhar, com o mesmo olhar morto, o mesmo andar morto...

na saída, não é muito diferente. soma-se um olhar com certa fúria, de ter aguentado algum desaforo de alguém. isso será canalizado depois para algum lugar: todo o ressentimento vai pro alcóol, para um filho ou uma mulher que apanhará, ou para o vilão da novela, ou pro time adversário. pouco se pensa, no entanto, em estremecer a hierarquia, a autoridade: essa não se pode mexer.

o mundo é disciplinado. para isso, existem pelo menos 9 anos de escola garantidos pela constituição; saber ler ou escrever é lucro: fundamental é nesse tempo, aprender a obedecer. e quando a escola falha, tem a televisão, o jornal, a família, e demais instrumentos para manter a ordem. nos casos mais rebeldes, a polícia, as leis, o Estado.

uns falam que isso é justiça: afinal, a ordem deve ser mantida.
e, acima de tudo, o rebanho deve continuar seu percurso para o abate.

domingo, 20 de setembro de 2009

eu te odiei uns dias, eu quis te matar...

passou.

aquela dor, aquele peso todo, passou.

virou cicatriz: incomoda, quando olho pra ela, e penso: como é feia essa cicatriz, do tombo de um salto tão bonito. era pra ser bonito, era para cairmos de pé, tombamos.

você - aparentemente - se levantou rápido. hoje talvez note que deveria ter cuidado mais do machucado, pois pode infeccionar antes do que imagina.

eu fiquei um tempo no chão. até chorei, porque sou chorona...mas ri junto também, porque um tombo sempre tem seu fundinho de humor, mesmo os piores.

"Sorriso que virou abraço que virou desejo que virou paixão
Que virou o amor que virou minha vida de pernas pro ar
Você que já foi a dor mais dolorida, a agonia
O ar que se rarefazia em pleno nível mar
Amor que matou a paixão que matou o desejo que matou o abraço
Que matou o sorriso e pôs tudo de volta no mesmo lugar
Você que já foi a chave, você que já foi o ferrolho

Você que já foi a fome, já foi a festa, já foi o jantar
Hoje você é somente um cisco nesse meu olho:

Não significa nada e ainda assim me faz chorar..."
Cisco no olho.

coisitchas de: http://www.nu-sol.org/

Cadê?

“Este é um ambiente livre do cigarro”, alerta o cartaz na entrada. Para conforto dos visitantes, também são proibidos acampamentos, música em volume alto, uso de drogas ao ar livre. A lojinha de souvenires e o passeio em um ônibus todo colorido fazem parte das atrações locais. Um guia, uniformizado com a camiseta oficial, recepciona os recém-chegados: Bem vindos a Woodstock.
Hoje, não foi só a pequena fazenda que virou parque de diversões com múltiplas opções de lazer e entretenimento. Os jovens que vão até lá, assim como muitos dos que andam por aqui, estão cada vez mais ávidos por consumo, conforto, segurança, estabilidade. Conformados em maiorias ou acomodados em representações e direitos de minorias, deixam-se guiar por pastores, líderes comunitários, chefes de organizações, formadores de opinião e demais variedades de condutores de consciência.
Em tempos onde as resistências são capturadas e convertidas em alternativas, direitos ou souvenires, o jovem comprador da lojinha Woodstock adquire seu pôster por 130 dólares e cola na porta do guarda-roupa. Acessa seu perfil de tipo rebelde em um site de relacionamentos e anda pra lá e pra cá, zapeando o controle remoto. Não perde a hora da consulta com o analista e não vê a hora de cair na baladamoça ou num rapazbalada pra casar.


"uma minoria é impotente enquanto se conforma à maioria, nem chega a ser uma minoria então, mas torna-se irresistível quando se põe a obstruir com todo seu peso."
David Henry Thoreau

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Ainda me lembro, daquele beijo, spunk funk violento...

Cena 1: Sala escura.
Beijos loucos, risos roucos, coração disparado. Suor. Pernas trêmulas, olhos molhados, poucas palavras: não é preciso dizer muito, diante de tanta verborragia ao longo dos anos. Enfim, juntos. Proibidos, mas juntos.

Cena 2: Luz acesa.
Consciência. Voltemos a rotina: não estamos sós - jamais estivemos. Existem outros; para nós, eles sempre existiram.
Então, falamos do amor como falamos de negócios: e na nossa paixão, não existe monopólio.
O que fazemos não é nada diferente do que desejávamos em silêncio no passado.
A situação não mudou muito também. Apenas aceitamos: não haverá momento para nós, teremos que criá-lo, então.

Cena 3: Outro dia
Carícias trocadas em silêncio. Minutos depois, você com outra. A outra. E eu os vejo como um casal qualquer.

Não faço parte disso.
Não tenho nada a ver com isso.

É o que afirmo para mim mesma, de forma muda, enquanto meu corpo esfria do seu toque nas minhas pernas. É outro dia.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

a psicologia é uma ciência burguesa.

o título veio como um desabafo entre meus sonhos. tenho pensado muito nisso, ultimamente. e hoje, quando acordei, foi a primeira coisa que me veio na cabeça.
talvez seja porque lembrei que teria que ir para santos logo mais, para um trabalho sobre "testes psicológicos". mas enfim, isso não interessa muito. a questão é: a psicologia é uma ciência burguesa. no mínimo, na sua origem. o que fazer, a partir de tal constatação?

penso: o que fazemos, quando, ao contrário de classificar os normais e os não-normais, ao contrário de estudar como fazer com que as pessoas sejam "mais normais", quando não olhamos para sua produtividade, para seu perfil e como este se encaixa na empresa... quando ao contrário de normatizar, buscamos entender, escutar, e nada tão ingênuo assim: quando a psicologia torna-se um instrumento de transformação da sociedade... estamos fazendo psicologia ainda?

um primeiro movimento que tive foi de pesquisar, afinal, o que é ciência. é claro que existem váarias definições para tal. mas me contentou ver que existem coisas mais amplas do que "aquela que dita a verdade", definição a qual muitos doutores e estudantes por aí definem através de seu comportamento, às vezes - repito, às vezes - sem nem mesmo perceber.

com relação a psicologia, também não resisti e busquei suas definições. essas pouco me agradaram. a questão é que não sei o que estou fazendo nesse curso. quer dizer, sei bem, talvez mais até do que muita gente que sabe o que quer fazer, mas o que quero fazer não está dado. não entrei para ser psicanalista, ou para trabalhar numa empresa, ou para salvar as pessoas do sofrimento como uma super-heroína.

primeiramente, o assunto "ser humano" me agrada bastante. talvez o "ser humano" não me agrade tanto quanto estudá-lo, conhecê-lo e pensar sobre tal. assim, para me aproximar desse meio, a psicologia foi um caminho escolhido. poderia ter ido para outros ambientes que estudam o ser humano, mas a psicologia, pela bagunça que é, permitiria que eu mudasse bastante de idéia ao longo do curso.

isso porque fazer psicologia é aceitar as contradições teóricas no dia a dia do seu curso. é ter uma aula de comportamental de manhã, estudando uma ciência que nasce em plena segunda guerra mundial, que classifica os sujeitos como gado sendo registrado antes de ir pro abate, e à tarde estudar sobre capitalismo e todas as suas desgraças, numa aula de educação. e ambos os professores, afirmando em seus crachás, contratos, mestrados e doutorados que são da mesma laia: psicólogos.

assim, fui parar na psicologia. e o que eu quero fazer não está dado. não sei nem sei me darei o título de psicóloga um dia. sei que a escolha foi boa: realmente, tenho encontrado coisas interessantes por aí, apesar de que a maioria seja o que foi dado nas entrelinhas da graduação. as que mais me interessam são as que questionam, as que botam a psicologia contra a parede e dizem: afinal de contas, qual é a sua? aquilo que ninguém sabe dizer ao certo se é psicologia ou não é, se vale de algo ou não vale, é pra lá que meus olhinhos brilham e meu braço se cansa de tanto escrever.

assim, devo afirmar que valeu e vale, que essa escolha foi e está sendo uma boa escolha. no entanto, me preocupa o pressuposto dado no título desse texto: a psicologia é uma ciência burguesa. e se não é pra mim, para muitos é. isso me irrita um tanto. fico pensando o que seria dividir a psicologia em duas graduações.

de um lado, aquela que se estuda para conservar uma ordem: a psicologia das classificações, das normatizações, das pesquisas com ratos, da preservação da raça homem-branco-rico-heterossexual.

de outro, outra psicologia: e esta, sendo uma psicologia da transformação, a psicologia que nietzsche anunciava como "grande psicologia", a psicologia que deleuze e guattari contribuiram, aquela ciência que os cientistas de colarinho branco (o jaleco) tem vergonha de dizer que é ciência. aquela psicologia que ninguém consegue dizer bem o que é, porque a cada fala que aparece, a vida muda de sentido e então aquela classificação posta anteriormente já não cabe mais. aquela ciência que potencializa a vida, que não busca entender o ser humano, compreendê-lo para classificá-lo. entender para desentender. assumir que no instante que uma definição é feita, algo escapa pelo simples fato de estarmos vivos, e a definição se torna inútil.

talvez, talvez duas graduações. não é nem pela falta de paciência de ter que estudar algo que não agrada. mas pelo fato de chegar a ser doloroso vendo escancarado na sua cara, ser produzida, reproduzida, aprimorada uma profissão que fortalece aquilo que você combate no cotidiano, e que vê no dia a dia o tamanho sofrimento que é produzido aquilo que certas psicologias reafirmam. no entanto, apenas uma graduação permite conviver com as angústias de ter que estudar, mesmo que a contragosto, aquela ciência que pouco te agrada. e, apesar de ter feito essa polarização grosseira, é claro que os conceitos se misturam, nem tudo é uma coisa ou outra.

às vezes, é simples questão de intenção.
(talvez eu continue um outro dia, uma outra hora. está ficando longo demais e a kinna vive dizendo que isso não é convidativo pras pessoas lerem até o fim)

domingo, 13 de setembro de 2009

don´t stop me now.

tá difícil de vir aqui escrever. às vezes estou para falar, falar e falar. ultimamente, estou mais pra ler, escutar, refletir, repassar o que chegou de interessante pra mim.
assim, uns dizem que me escondo atrás de citações e letras de música.

mentira, mentira.

deixo as músicas, os poemas, e os textos falarem por mim.
nada me deixa menos só que ouvir, ler, entrar em contato com alguém que tira as palavras de mim, assalta e transforma em algo bonito, que penso que gostaria de dizer daquele jeito, aquilo.

a fase tá boa. há uma certa paixão pela vida, me rondando. paixão com a vida me faz apaixonar fácil demais por pessoas. amores me deixam de bom humor. des-amores me fazem pensar, e quem sabe escrever algo bonito.

os amores nem tanto. desses, pouco gosto de escrever. sai mais sorrisos largos e ações práticas que palavras bonitas.
alegria. alegria não é quando tá tudo bem. vida é conflito. disse o professor, entre um cochilo e outro meu.
faz sentido. estar em conflito, estar pensando, sentir que está se fazendo escolhas, assumindo responsabilidades... tudo isso me deixa viva. me sentir viva dá uma alegria gigante, mesmo que venha com dores.

subo, subo, subo. dou um salto. quando tombar, volto aqui pra contar coisas novas...

"ser inteiro custa caro."
carpinejar.

sábado, 12 de setembro de 2009

"É lindo quando a diferença não faz a mínima diferença."

"Ri, sem graça.

Cinco anos tinham se passado, já estávamos lá, diante de um palco imenso, trezentas pessoas sorridentes e arrumadinhas olhando atentas e a vida, cretina, passando a 220 km por hora.

Lembrei do Marcus, primeira semana de aula, contando de quando estava no segundo grau e era maconheiro de marca maior, mas daí arranjou uma namoradinha numa festa e esqueceu de todo o resto. Do Felipe, dizendo a alto e bom som que era gay, no segundo semestre, todo mundo calado, idiotizado, os guris passaram umas boas duas semanas sem trocar uma palavra com ele, só me diziam “porra, e a voz dele é até grossa”. Depois passou, eles voltaram ao esquema futebol, boliche, piada de português, barzinho, jantas e gargalhadas sobre bunda de mulher, e de um dia pro outro todo mundo esqueceu que o Felipe dormia com homens. É lindo quando a diferença não faz a mínima diferença.

Inesquecível o dia em que a Bruna levou um choque. O André quebrou os óculos com uma caneta que eu joguei pra ele. A Carol gaguejando na apresentação do nosso primeiro trabalho. O drama do fim do namoro da Luiza com o Daniel, todo mundo sofreu junto, todo mundo odiou junto, todo mundo foi pra festa e bebeu junto, esqueceu junto e começou uma nova madrugada junto, novas histórias podem sim apagar as velhas. O dia em que a professora Lia morreu e saímos pra comemorar, acabamos com as cervejas do bar. Porque humor negro não tem limites quando se está na faculdade.

Os jogos de futebol que assistíamos aqui em casa, o qual eu nunca prestava atenção. Os copos quebrados, salgadinhos devorados, fricassê de frango que só o Marcelo sabia fazer, combinação perfeita com Coca-Cola e mousse de maracujá, com direito a dormidinha no sofá de barriga pra cima depois do banquete. Todo mundo. Minha briga com o Juliano: nunca mais queria ver a cara dele. Foram quatro meses de guerra fria. Ninguém tem direito de falar de namorado meu, ora bolas. Até eu descobrir que o cara era mesmo um cretino e chegar de mansinho pro Ju, pedir desculpas e confessar que o cara era um babaca, ele tinha toda razão e acabarmos nos beijos lá em casa. Ironia do destino. Meu segredo oficial da época da faculdade, hah.

Voltando ao palco, estava preparada para o discurso. Para as rosas para os pais, para o baile, o tchau sincronizado aos velhos amigos no fim da festa, as lágrimas. Não estava mesmo era preparada para a saudade, o vazio. Os dias sem aulas pra matar, matérias pra estudar, risadas conjuntas pra dar, chamadas pra assinar, intervalos para compartilhar entre cafés e pastelinas.

Uma saudade que, quando eu estava no quinto, sexto semestre e dizia a torto e direito que “bah, quero me formar de uma vez e ir embora dessa merda…” eu jamais imaginei que iria sentir. E agora, nem parti, já sinto falta. Olhei para toda aquela gente, expectante, ansiosa por mim, por nós, por eles. Eles estavam ali não para saber dos amigos, dos estudantes, das crianças que viraram adultos em cinco longos anos. Estavam ali para ouvir o que os profissionais responsáveis e engomadinhos iriam dizer em seus primeiros passos para a ciranda louca do mercado de trabalho.

Na hora de ir pra plataforma discursar, tropecei. Cai feio. A platéia fez “ohhh”. O Juliano me juntou do chão, e bem, eu estava mais do que vermelha. Antes que eu piscasse, o Marcus correu pro microfone e disse:

- Julia, obrigada pela representação. Apenas para mostrar a todos os presentes, amigos e familiares, pessoas que amamos, que mesmo estando formados, maduros, “prontos”… nós podemos, sim, cair e levantar.

Subi na plataforma, ele piscou pra mim. Até cair pode ser bom se sabemos que alguém vai estar ali pra nos ajudar a levantar. Comecei o discurso. Seria uma longa noite. Longa vida. Vida longa a todos."

Não sei de quem é, então deixo os créditos pra Kinna, quem compartilhou o texto comigo, e sempre compartilha intensidades. Muito bom o texto!

eu gosto do estrago.

tanta coisa, tanta coisa acontecendo.
tanto tanto que te leva a odiar o despertador, que toca quando você começa a dormir, anunciando um novo dia.
tanto tanto que te faz desacreditar, ao olhar pro seu dia que passou, quanta coisa você fez. cada dia dura uma semana...
tanto tanto que quando alguém te pergunta: mas afinal, por que é que você faz tudo isso?, você não sabe responder, e o coraçao dispara.
dá uma aflição, e você, sem respostas, sai andando... pra se ocupar com alguma coisa.

é muita coisa, muita coisa. e muita coisa, mergulhada na paixão.
gritos, dores, alegrias e poemas.

é mais um dia. mais um turbilhão de acontecimentos.

E aquele filme não sai da minha cabeça...

"Desse jeito vão saber de nós dois
Dessa nossa farra
E será uma maldade voraz
Pura hipocrisia
Nossos corpos não conseguem ter paz
Em uma distância
Nossos olhos são dengosos demais
Que não se consolam, clamam fugazes
Olhos que se entregam
Olhos ilegais"
Vanessa da Mata.

Fim de semana agitado.
E estamos conversados.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

o amor é importante. porra.

"Nós que passamos, apressados, pelas ruas da cidade, merecemos ler as letras e as palavras de Gentileza..."







"...amor, palavra que liberta: já dizia o profeta..."

se espalha por aí a tal reivindicação. em (longos) tempos de miséria, desigualdade, disputa de poder, capitalismo, alienação, pós-modernismo, sofrimento, tempo, dinheiro... surge alguém, alguéns, que gritam: o amor é importante. porra.


e é isso.

* trechos em itálico da música "Gentileza", de Marisa Monte

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

o segredo que escondem dos homens é que eles são livres.

e então, a porta está aberta. vá embora. fuja. tem medo?
é, ir pra outro lugar dá medo.

somos todos servos, voluntários. ser mais um servo no mundo nos livra das responsabilidades de seus próprios atos.
- choro, bebo, fumo, engordo, emagreço, tenho insônia, trabalho que nem um escravo, não pago as contas, roubo, mato... não é minha culpa.
preciso de dinheiro.
meu patrão é difícil, sabe.
minha família é exigente.
só assim eu vou ser alguém bem-sucedido.

bem-sucedido pra quem?
o mundo está em constante tensionamento. seja para manter, seja para transformar.
sempre ficamos com a impressão de que esse sistema é estável, e que a revolta gera instabilidade, vai causar mais confusão.

é o cúmulo da alienação dizer que esse sistema é estável naturalmente. pra que se sustente a estabilidade, é preciso de uma série de aparelhos: governo, escola, polícia, igreja, prisão, televisão, internet...
tudo para te fazer de máquina. aliás, nem de máquina. talvez uma partesinha insignificante dessa grande máquina.

é isso que quer pra sua vida?

vem os servos mais adestrados, com seus dedos cheios de calo de tanto jogar video game, e dizem:
"- esses revoltados que querem implantar uma revolução comunista e achar que tá tudo certo."
parabéns. continuem fazendo a grande máquina girar. sejam só mais um servo, aguardando seus pequenos momentos de senhor, nem que seja para o mendigo da rua.

as portas estão abertas. as algemas que te prendem são da sua cabeça.
o segredo que os homens não querem ouvir, ver, nem ler é que eles são livres.
 
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