domingo, 30 de agosto de 2009

e quando tudo pede um pouco mais de calma...

basta um olhar.
um olhar, entre tantos outros que passam correndo por você, no dia-a-dia. basta um olhar, e uma pergunta um tanto mais sincera, diferente do automático cotidiano "oitudobem".

basta uma pergunta:
- ei. como você está?
assim. olhando no olho.

o corpo estremece. quem ousa dizer que está tudo bem?
os olhos se enxem de lágrima. dá um alívio.

e a vida segue no seu ritmo - singular e esquizofrênico.

sábado, 29 de agosto de 2009

assim já caminhou a humanidade.... ?

Chifre da África. 4 milhões de crianças correm o risco de desaparecer de fome, doenças, maus-tratos; 6 milhões de pessoas dependem de doações da caridade internacional, para serem mantidas lá, em seus campos de refugiados, em suas aldeias de terra seca, aguardando a caixinha de ração, a vacina contra sarampo, o fotógrafo condoído. E se a tal ajuda não chegar? Se nem o fotógrafo aparecer? Esses milhões começarão a se mover, a sair de suas choças e atravessar mares apenas para fazer viver suas crianças? Tal qual aqueles hominídeos primatas que se ergueram em duas pernas e, andando livres a partir da África, ocuparam o mundo inteiro, das estepes geladas às florestas úmidas, dos desertos às praias. Ou não, ou morrerão a míngua? Confinados dentro de cercas farpadas, esperando o comboio humanitário chegar pelo
caminho empoeirado.
http://www.nu-sol.org/flecheira/pdf/flecheira112.pdf

Encontrei mais um cantinho pra leitura. Super recomendado.

http://www.nu-sol.org/flecheira/flecheira.php?pagina=1 - aqui tem mais.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

lembranças de abril...

...uma importante parte da minha história começa ali. abril de 2008.
antes de abril, diria que esse importante momento foi de ter "entrado pra política". mas logo que passou abril, percebi que política não é questão de entrada, é questão de percepção.
tudo que me incomodava, tudo que parecia errado...foi a partir daí que comecei a ler o porquê, e depois que descobria, ia gritar no megafone para que outros ouvissem também.não vou esquecer de abril, que começamos a ler o que era REUNI, e todas as outras siglas - porque quem faz política de verdade fala por siglas, hehe - e as pessoas nos achando os senhores organizados diante de tanto acúmulo. e o acúmulo era o google da madrugada anterior, e as consequências eram as olheiras.

é desde abril que grito. desde abril que perco a voz, por aí.e espero não esquecer, aquele menino perdido batendo na porta da sala e pedindo pra falar comigo. dizia que o negócio estava feio e que teríamos que ir pra são paulo. foi aí que descobri que eu era do centro acadêmico. foi aí que percebemos que o centro acadêmico, independente de existir ou não, estava na hora de começar.

eu fui - como fico feliz por ter ido! também espero não esquecer: toda a vida que existia dentro de mim, explodindo, acreditando que sim, se a gente se junta, a coisa fica forte, a coisa funciona.os gritos unificados, quando descemos da van após um longo dia buscando pessoas para lotá-la:
- SANTOS CHEGOU!
não quero esquecer jamais aquele abraço, de pernas trêmulas: a responsabilidade de uma assembléia gigante.

depois, a casa velha da avenida grande. a sensação de entrar lá. aquela menina miudinha abrindo o portão pra mim, e de repente tudo ficar diferente. sensação de pertencimento. acolhimento. o sorriso, daquele cabeludo esquisito. a paciência, daquele já apresentado no mesmo abril marcante. um mundo abriu mais ainda: não existe só universidade. existe mais, muito mais coisa. e se quer mudar, aguenta.

importante lembrar das lágrimas, quando as portas se fechavam, e só restava eu - de vez em quando com alguém especial ao lado. espero não esquecer....às vezes eu esqueço. esqueço, e infelizmente - ou não - preciso dessa vida toda transbordando pra poder gritar. senão vira sussurro, vira suspiro. vira lamento.

que bom. que bom, que de vez em quando aparece alguém lembrando, fazendo o grito aumentar.
e quem sabe? quem sabe um dia o grito fica tão grande, tão grande, que chegue a cubrir esse ruído insuportável e constante, chamado conformismo.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Mas tudo flui melhor quando se aprende a canibalizar as leituras.

"O cotidiano transborda em políticas. E eu bem sei que com essa frase bonita não se
descobre a pólvora. É o que se diz: “todo mundo sabe disso”! Então, o que falta acontecer
para que as coisas aconteçam? Todos os dias, a violência arromba a tranqüilidade dos portões
das universidades, que já passam da hora de aprender a ouvir (e falar) as linguagens das ruas,
povoando-as, contribuindo efetivamente para sua produção."

"No percurso da formação, tudo é fragmentário e instável, mas nem por isso há
falta ou incompletude. No entusiasmo do encontro com um novo pensamento, com a
inquietação gerada por falas inesperadas, na quase inevitável raiva provocada pela
impossibilidade de discutir, já alertada em certos Diálogos, nada forma um sistema ou corpo
coerente, unitário. É muito mais um mosaico, um caleidoscópio, um rizoma isso a que
chamamos formação. Se é o desejo que a move, ela volta e meia muda de direção antes que
tenhamos tempo de concluir algo que até a pouco era a razão de tudo."

"Vamos aos atos: queremos pesquisar como quem busca a cor não vista; ensinar como
o artista em performance; aprender como discípulo de acordes novos... Conhecer como o
poeta, a vida. É preciso lembrar que as ciências são artifícios de verdades (e não instrumentos
da Verdade), para recuperar seu potencial de criação de outras sensibilidades: novos olhares,
novas escutas, novas falas... Façamos ecoar a voz de Glauber: “sem linguagem nova não há realidade nova”. O que estamos a fazer repetindo os manuais, cultuando os métodos, arrotando saberes de ontem, enquanto a vida e a morte acontecem à revelia da impostura acadêmica? Quando o saber se torna mercadoria, é preciso dizer que a ciência nunca foi senão arte. Quando falar “educadamente” se faz inócuo, é preciso não esquecer que sabemos cantar. “Por uma vida menos ordinária que pintamos o chão”. É hora de se apropriar do expediente do poeta. Talvez assim tenhamos condições de inventar outra história para o lugar em que atuamos, qualquer que seja."

"Tem gente caindo de tão tonta que está por rodar em torno de si procurando o que dizem estar sempre atrás (nauseante a ausência de vírgula?). Esta é a sina da massa diplomada e graduanda-gradeada que se acumula em cada parte. Não são poucos os anjos sodomitas que fantasmeiam às nossas costas. Mercado, Currículo, Reputação, Histórico, Salvação, Moral, Punição, Recompensa,
Liberdade, Saúde..."

"Foi bem por acaso que aprendi a pensar de outras maneiras. Mas é preciso estar atento
para acompanhar o acaso, para pegar o acontecimento, viver com o caos. Talvez se o tempo
e a energia dissipados em procurar/estabelecer a ordem ou a razão das coisas fossem
dedicados ao aprendizado intenso de lidar com o impensado, o imprevisível, o inclassificável,
o intempestivo, enfim, o que extravasa o já sabido, talvez assim a impotência diante do
inaceitável fosse exceção à regra."

"Ao início do texto a vontade era de armá-lo com citações as mais seletas. Mas tudo flui melhor quando se aprende a canibalizar as leituras. Aí a citação é quase dispensável, ela já está lá, incorporada à própria escrita, já com a marca do encontro, da diferença entre o escrito e o lido. Aqui não há pretensão de posse das idéias. Pensamento que tem dono é idéia morta. Original é a relação. “Fundamental é mesmo o amor” no que se faz, “e é impossível ser feliz sozinho”"

Texto de Eder Amaral e Silva. "A quem interessar possa: breve elogio à formaçao rebelde."

...para quem tiver vontade de ler na íntegra (e eu super recomendo), clique aqui.

sábado, 8 de agosto de 2009

O espírito paternalista empresarial dos professores

Há tempos tenho vontade de falar disso.
Entrei na UNIFESP em 2007, faço parte da segunda turma do Campus Baixada Santista. Desde que entrei, sinto um comportamento esquisito da maior parte do corpo docente. A princípio, pensava ser algo meio paternalista. O REUNI atacando a Universidade, depois disso o reitor corrupto, a lenta construção do prédio, os problemas financeiros, o vestibular unificado, e agora o projeto de lei que tem como proposta desmembrar o Campus Baixada Santista e fazer, junto com outros cursos bizarros, a Universidade Federal do Litoral Paulista. Tudo isso acontecendo e os professores dizendo:
- Calma, está tudo bem. Somos excelentes. Não somos reconhecidos pelo MEC, os professores que deverão dar aula esse ano não chegaram, não temos onde dar aula pra vocês, o reitor está roubando, agora para passar aqui as pessoas só deverão prestar ENEM, querem trocar as placas da nossa Universidade em prédio alugado e acrescentar mais uns cursos, mas está tudo bem. Vamos para os microscópios?

Ingenuidade ou não, achava ser algo paternalista, meio protegendo "desse mundo cruel". Algo do tipo: a situação está desesperadora, mas pobre estudantes! Tão jovens, tão sonhadores... como direi para esses olhinhos brilhantes e sedentos de conhecimento que as coisas são difíceis?

Com o tempo, posso ter endurecido, envelhecido, e com isso posso tanto ter ganhado mais experiência como apenas perdido a confiança nas pessoas, mas o ponto é que passei a olhar esse comportamento numa lógica mais empresarial. Algo do tipo:
- Ah! Esses estudantes. São jovens, sonhadores, sedentos de conhecimento... mas sabemos também o quão monstrinhos podem ser. É melhor dizer que está tudo bem, não queremos atrapalhar a nossa indústria-de-futuros-profissionais-da-saúde.

Então a situação fica bem difícil. É até hipocrisia esse comportamento dos professores e reitoria diante da reação dos estudantes. Agem como se nós estívessemos contra a Universidade, quando fazemos barulho. E eles fazem pose como se estivessem a protegendo, escondendo os podres debaixo do tapete e fazendo cara de paisagem diante de tanta corrupção.
Não sujam a mão fazendo as besteiras (pelo menos não todos), mas também não querem sujar a mão para limpar a bagunça.

Olham com cara feia: esses estudantes baderneiros. Fazem bagunça, fazem barulho.
Enquanto isso, o patrão deles compra mala na Disney com o cartão corporativo. Quietinho.

Olha só que absurdo! Parando de ter aula? Pedindo refeitório? Eles vem pra cá pra estudar ou pra ter babá? (acredite, isso não é uma frase minha. infelizmente.)
Enquanto isso, os professores que deveriam dar aula para a primeira turma não chegam. Motivo: esqueceram de mandar o edital. Esqueceram de divulgar direito.

É. Vivemos num mundo corrompido, invertido, de cabeça pra baixo.
E para quem vai contra isso, tem sempre a polícia para manter a ordem.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

se alguém perguntar por mim, diz que fui por aí.

sumi. e não foi por falta de poesia ou motivos pra escrever.
não foi bloqueio, nem nada.
talvez descaso. esquecimento. a vida anda agitada, no ritmo que gosto - gosto pra gostar, gosto pra poder reclamar, pra chorar e pra ter permissão pra dizer: que desgraça de mundo! (assim, se algum padrão vem perguntar se faço algo pra mudar ao invés de reclamar, digo que faço, faço sim. - ele que não pergunte se produz algum efeito.)

sumi mas agora voltei. e amanhã quem sabe trago boas notícias. e se não trouxer boas notícias, trago a vontade de criar novas coisas...

sábado, 1 de agosto de 2009

achado empoeirado.

"eu achava que todo mundo tinha a obrigação de fazer alguma coisa. aí, um belo dia. percebi que é asssim que o mundo funciona: de um lado, um bando de gente reclamando e ninguém fazendo. do outro, um bando de gente fazendo, sem reclamar"
de um leitor, da segunda edição de caros amigos, da prateleira do CES, de Santos
 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...