domingo, 11 de abril de 2010

"abandono o que é pronto, e digo adeus..."

sete meses desde 11.09. sete meses desde o nosso primeiro beijo. um início de romance, numa data assim, só poderia dar nisso: catastrófico, caótico, devastador...
e no fundo, no fundo, algo cruel dentro da gente desperta um sorriso que diz: "ah, eles merecem"

sim, sim. nós merecemos.
nossas alegrias, dores. nossa construção (tão criativa!) de relação.

"Sem você
Essa praia não seria linda assim
Com você
Ela linda do inicio ao fim
Pra você
Eu sempre digo sim..."

sábado, 10 de abril de 2010

"você não é feliz."

ela diz, como quem fala sobre o tempo, no elevador.
ela acusa, como se soubesse muito sobre a minha vida.
ela afirma, como se entendesse quem eu sou.
- ... - ... - ... -
nada a dizer. conversas a minha volta e a cabeça atordoada. quem sou eu, o que faço. cobranças. minha e dos outros também. dor. olho inchado. não quis olhar para o rosto dele, nem que me encostasse. os olhos inchados e o corpo retraído também não permitia.
"que merda que é amar." - confessa. deixa escapar uma declaração, no meio do caos.
tenho motivos para não ficar junto, e motivos para ficar. é quase que uma aposta o que escolho, hoje. espero o dia em que terei certeza, e direi com voz firme: te quero, e sou feliz com você.
mas hoje a voz quase não sai. está fraca.
hoje os olhos são pesados e secos. não tem mais lágrima pra cair, mas existe vontade.
foi-se o tempo em que era: amor, escola, família. tudo separado. hoje é tudo bagunçado e já não sabe o que junta com o quê. e a política se mete em tudo quanto é canto.
um romance que começa numa elaboração de texto de enade.
no meio disso tudo, uma declaração: gostei de te conhecer.
fui eu que causei isso.
agora aguenta.
- ... - ... - ... -
o pior de tudo, ao dizer "você não é feliz", é que não quis dizer "sim, eu sou.".
queria dizer: "você também não é."

quinta-feira, 8 de abril de 2010

"a nossa poesia é uma só, eu não vejo razão pra separar..."

verborragia confessionária
eu sinto muito muito muito muito muito. sinto mil coisas. sinto fisicamente - o meu corpo, a dor na coluna, a dor na cabeça, o peso no pescoço e nos ombros, os olhos tensos nas coisas, tentando acompanhar, o sono que me domina nas horas inapropriadas - e a insônia que toma conta na maior parte do tempo. sinto emocionalmente, paixão por tanta coisa, amor por algumas pessoas que me fazem tão bem. sinto a dor das coisas do mundo - a fome, a miséria, as notícias deprimentes (seu conteúdo triste e seu formato - a forma que se escreve, tão burguesa- nojento e detestável). sinto tédio, da graduação, ao mesmo tempo em que acho que desprezo muito mais que ela merece. tanta coisa neguei estudar, ler, pensar, e hoje sinto falta. sinto ansiedade, muita muita ansiedade. tanta coisa pra aprender, tanta coisa pra ensinar, tanta coisa pra trocar, tanta gente com quem trocar...
e no meio disso tudo, eu. eu e meu cotidiano besta. eu e minha vida besta, comparada ao mundo grande e tantas vidas bestas. eu, com meu cotidiano besta mas possivelmente com alguma importância, quem sabe, para algo ou para alguém.

dos muros miseráveis
nesse blog pouca coisa falo de concreta. pouco comento de tantos acontecimentos, pelo menos não de forma objetiva. no entanto, estranhamente a questão dos muros da favela me motivaram a escrever. e é estranho, porque depois de tanta coisa deixada pra trás, tantos acontecimentos merecedores de um texto, um comentário, ou algo assim. e eu falarei de algo do rio de janeiro, lugar que pouco frequento.
acho que qualquer acontecimento hoje permite ser um puta analisador da realidade que temos, de forma mais ampla. qualquer dia comum da minha faculdade pode servir para fazer uma análise da conjuntura da educação no Brasil hoje. no entanto, escolhi falar dos muros. dos muros do rio de janeiro. dos muros miseráveis do rio de janeiro.
sei dos muros há um tempo, mas ele era apenas uma coisa a se acrescentar das coisas bizarras que temos no mundo. essa chuva, esse desastre que matou tanta gente (recuso a numerar - o "tanto" traz muito mais emoção que uma quantidade númerica monstruosa - porque um pra mim é tanto.). esse desastre que matou tanta gente pobre.
há pouco, no começo do ano, lembro de ter tido um desastre em angra dos reis, numa pousada dessas burguesas. as pessoas ficaram chocadas. melhor: a mídia fez com que as pessoas ficassem sentidas, sofressem pelas mortes ali.
a mídia faz o mesmo com as tantas mortes da favela, e tá até ajudando a arrecadar doações - olha só que bonzinhos! mas não deixa de citar, nas entrelinhas, como é complicado essas pessoas que vão morar em lugares inapropriados.
o governador até declara: quem manda irem morar lá? não pode morar lá! é um absurdo pensar que viver lá aparente ser tão escolha como alguém que decide morar no copacabana ou no leblon.
não gosto de falar muito disso, porque as pessoas automaticamente vêem como uma "defesa dos pobres", e caem para um outro erro: considerarem coitadinhos e tratarem como animais indefesos.
a questão é: a chuva é natural - e nem sei dizer até que ponto não somos até responsáveis por esse tempo doido, mas enfim. tempestades podem até ser desastres naturais. terremotos podem até ser desastres naturais. mas a miséria não é. e acho uma filhadaputice da mídia burguesa, comentar dos desastres naturais e pouco falar do desastre do capital, que mata muito mais gente que qualquer chuva, que qualquer tremor de terra. que gera sofrimento, que produz uma lógica nojenta e detestável.
eu não entendo como as pessoas podem ser a favor desse troço bizarro e nojento. como as pessoas podem se omitir diante disso. não entendo mesmo. dêem a solução que quiserem, a questão é que é inaceitável, pra mim, conformar-se com a condição de viver num sistema que produz miséria. é inaceitável viver num sistema que dependa de miséria. que funcione na base da miséria. seu combustível é pobreza e sofrimento, e isso me adoece.
e aí faz muros na favela. pra ninguém ver. pra copa bombar no brasil. e as pessoas estão ali porque querem. é uma análise interessante. primeiro, cercam a burguesia: condomínios gigantescos, cheios de segurança. agora, cercam a favela, para ela não tomar conta da cidade. um novo conceito de território.

de amor, porque sem amor não dá
eu tô angustiada, como tenho ficado ultimamente. a angústia toma vários rostos - e você é um deles. cinco tentativas frustradas de escrever mensagens que respeitem o limite de caracteres permitidos pelo celular. nenhuma cabe tudo que quero te dizer. e tudo que queria te dizer era que queria ouvir de você. o que? é estranho dizer que queria ouvir que me ama. isso soa carente e fraco, e não tenho me sentido nem carente, nem fraca. eu tenho lidado melhor com a angústia, e uma prova disso é saber falar dela com você, e não ficar discutindo. acho que a angústia não passa pelo medo de você deixar de gostar de mim, mas de você deixar de gostar de mim e não avisar. e fico ansiosa, querendo saber se ainda gosta, se eu posso me declarar e se posso contar com você. porque eu amo você pra caralho e tô gostando de ficar com você. e quero colo, e quero te dar colo. colos mútuos. eu falo, você escuta. escuta e diz e troca. você fala, eu escuto. escuto e digo e troco. e a gente chora e ri. você é um grande amor meu. um amor pra vida inteira, daqueles que será sempre lembrado com sorriso. sorriso gostoso que vem quando penso em você. você diz que meu sorriso é bonito e eu digo que ele é bonito porque reflete amor que vem de nós dois.

depois de tanta angústia, um não-final de amor.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

ok. falemos de "angústias"

política. tenho vontade de dar um puxão de orelha em todos os malditos que burocratizaram esse negócio, e fez com que ela ficasse tão alienígina na vida das pessoas - automaticamente fazendo com que a vida das pessoas fossem mais e mais alienante.

vejo política em tudo. na festa open bar (drogas e mais drogas disponíveis. alienação para permitir uma maior produção depois), no cartaz da tal festa (uma mulher semi-nua - século XXI e ainda somos objeto). na universidade, no trabalho, nas relações... ah! relações.

não faço política porque sou burocrata. faço política porque... porque... (paro em frente ao teclado. mãos no queixo, apoiados na mesa. por quê faço política afinal?). eu e Gui conversávamos outro dia, andando pela rua, a noite: pelo quê você luta?
há tanto tempo fazendo parte desse universo e nunca havia me perguntado tal coisa, aparentemente tão simples. um burocrata, entregue já aos vícios da esquerda, responderia de bate-pronto: "por um mundo comunista". de peito cheio, e cara de revolucionário.

a conversa foi fluindo num sentido de pensar em liberdade, em companheirismo, em amor, em amizades, em carinho, respeito, confiança... é. é essa a minha luta. esquerda, direita. a favor, contrário. instituinte, instituído. conservador, transformador. reformista, revolucionário. são milhões as posições e decisões que nos cobram dia a dia. mas de nada valem essas palavras se elas não vem acompanhadas do que realmente importa. afinal de contas, pra que se luta?

tendo isso mais claro, a militância se torna princípio na sua vida. não é parte dela. não é trabalho de 8h por dia. e falemos de "angústias", então. qual minha surpresa foi receber por e-mail o afastamento de um companheiro no movimento estudantil. qual minha surpresa maior foi não me surpreender por isso.

não tenho problemas em falar de sentimentos em listas de e-mail, em fazer da reunião quase que uma terapia de grupo. não tenho problema de misturar amizade com política, sentimentos com discussões... sou contra quando as pessoas justamente fazem isso, tornando isso separado.

"estou angustiado e por isso vou me afastar" - disse.
pois é, eu também tenho angústias. me irrito dia e noite com uma série de coisas, me pergunto a cada cinco minutos "o que que eu estou fazendo aqui". a "angústia" me move, não me imobiliza. a angústia me faz contar mais com meus amigos, e não me afastar deles.

sentimentos, decepções, frustrações, são inevitáveis. as nossas escolhas é que dizem muito sobre o que pensamos, e não o que sentimos. se eu sinto angústia, aproximo meus amigos, e não os afasto. se eu sinto raiva de algo, sinto medo, eu me mexo, e não fico parada me lamentando.

e pra terminar, um poema que me veio na cabeça, quando recebi o tal do e-mail de abandono. sei lá. faz tempo que não escrevo aqui, e dessa vez escrevo pra desabafar. odeio quando uso o blog pra isso. pra dizer coisas que sinto que não vale a pena dizer pra aquela pessoa com quem confiava tanto, tanta coisa.

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
[Mãos dadas, Drummond]
 
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