quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

amor sem fronteiras.

- bom dia.
- bom dia... 
- te acordei?
- sim. mas tudo bem, você acabou de me salvar de um incêndio.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

um amor de faz tempo

a vida já é emocionante demais. confrontos, conflitos, grandes obras de arte que nos arrancam a respiração. compromissos, complicações. grandes amigos que nos fazem dar risada. companhias, começos e conclusões.
a vida em si já basta para ser aquilo que nos dá angústia, aperto, sofrimento, alegrias, simpatias, dores.
ao contrário do que os filmes de hollywood pregam, não quero alguém que me tire o ar - pra isso, já basta as violências que vivemos. não quero joguinhos amorosos, pisando num campo minado em que uma palavra e bum!, adeus relação. - de inseguro, já basta o futuro e as finanças.
eu quero pra ontem, pra agora, um amor de faz tempo.
que sabe que eu demoro pra dormir e que goste de me fazer companhia. que goste de ver filmes - e de dormir assistindo também. de alguém que não precise planejar um grande encontro, mas que faça das coisas cotidianas um grande evento - e pra isso não precisa muito. basta um sorriso, um carinho, um olhar. uma surpresa, ou uma brincadeirinha que faça com que a gente ria e que anos depois, sentados em um café, em algum lugar estrangeiro e a gente fale "se lembra daquele dia em que estávamos fazendo faxina e...", e dê risada da história.

a vida já é difícil demais pra ter que se preocupar com as coisas do coração. queria eu que estas fossem simples. conhecer alguém, que já venha com a escova de dente e com os pés descalços e a vontade de ficar o dia inteiro no sofá, com roupas confortáveis de ficar em casa. que já saiba aonde eu guardo os copos e que eu saiba que estará do meu lado cumprindo as grandes burocracias sociais - natal, ano novo, páscoa...
não precisa nem ser a mesma pessoa - não tenho problemas em variar ao longo da vida. só queria que elas aparecessem facilmente, tão facilmente quanto àqueles telefonemas oferecendo algum cartão de um banco qualquer. tão facilmente quanto relações que não levam a lugar algum, mas que de alguma forma a gente sustenta na esperança de.

um amor de faz tempo. ah, isso cairia tão bem hoje a noite...

* pra quem quiser ler uma possível resposta, clique aqui.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

nós

nós, nós, nós.


ultimamente é o teu assunto preferido. e cada vez que fala, sinto um aperto no peito, porque queria estar falando de nós - se nós, se tratasse de eu e você - companheira, companheiro na luta, no amor, na vida.

mas o nós que me cabe parece ser um tanto de nós que foram se fazendo e me amarrando e me prendendo e me envolvendo de forma que agora não consigo sair - nem sequer pra dar um passeio. me sinto como um fone de ouvido que por mais que haja um esforço de mantê-lo guardado desenrolado, quando menos se espera ele está emaranhado no bolso. queria eu poder me esconder por alguns instantes, em algum cantinho em que eu não me enrolasse com nada, nem comigo mesma.

nós. nós. nós.

eu e você é um nós que me liberta, e eu queria que esse nós tivesse a força para superar esses nós que me amarram, mas sem nossas mãos entrelaçadas - você está longe - fica mais difícil que nosso nós fale mais alto que outros nós.

você tem seus nós aí.
e eu meus nós aqui.

vou fugir por um tempo, pra outro país, pra ver se me desenrosco um pouco. no entanto, quando voltar, eles - os nós, não o nosso - já estarão no aeroporto, prontos pra me buscar, antes mesmo que você. por isso, peço baixinho, um pouco tímida, um pouco menina inconsequente, sabendo que seus nós também não são fáceis de serem desatados para vir formar o nosso nós e desatar meus nós: vem logo pra cá, me salva da selva. 

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

insônia de dezembro

diferente do ritmo acelerado do dia, a madrugada com insônia lhe reserva uma lentidão única. como se não houvesse tic tac no relógio, saboreia seus últimos prazeres que restam em sua casa. o penúltimo cigarro, o fim da garrafa de água gelada, o último chocolate. tenta não pensar que o fim do ano se aproxima e que todo fim de ano lhe reserva alguma morte inesperada de alguém querido. tenta descobrir quem será, como se assistisse a um filme de suspense, em que sabe que alguém daquele grupo de amigos morrerá. apesar dos pensamentos sombrios, sua cara nada expressa. o rosto é o mesmo rosto daquelas pessoas que circulam pelo metrô em horário de ida ou de volta de trabalho. um olhar de gado a espera da morte - que não sabe que espera a morte, pois parece não ter consciência disso nem de nada, mas que quem o assiste, assiste com pena.

a insônia de dezembro chegou. tentativas frustradas de telefonar para alguém. "merda de modo silencioso" - pensa. não conseguir falar com alguém parece dar mais solidão que não ter ninguém para quem ligar. pensa em ligar para aquele que antes acolhia as suas insônias. em seguida, pensa nas consequências disso. pensa em ligar para aquele que antes do outro de antes acolhia a sua insônia. pensa que ele jamais entenderia as consequências disso.

a insônia de dezembro chegou. pensa em tomar um banho. pensa em escrever algo. pensa em ler algo. pensa em sair e fazer algo - não, não, má ideia. assistir a um filme - talvez.
lembra de seu primeiro apartamento em santos, de suas primeiras insônias em santos. existia meio pacote de fandangos. não ter, seria evolução?

na semana anterior, o quarto cheio de roupas, papéis, garrafas, livros, apostilas passagens usadas, jornais, embalagens, crachás, bilhetes... um surto: de repente aquele quarto era eu. tantas coisas importantes, inúteis, foras do prazo de validade... tudo misturado, sem prioridade de importância.
na semana anterior, havia alguém que lentamente recolheu roupa por roupa. que empilhou os papéis - recém chegado na história, não sabia ainda dizer o que de lá não pertencia mais. havia uma paciência que não tinha nome. e quando o choro era alto, pacientemente parava de recolher e oferecia o colo, as mãos que massageavam o corpo. pouco a pouco, tornou o quarto e o corpo habitável. bom para ele, bom para ela.

começa a chegar a hora do despertador tocar e começar, então, mais um dia. pobre despertador, que dificilmente cumpre sua função. aquela que o tem como propriedade sempre se antecipa e seu toque torna-se mera formalidade.

mera formalidade. não é apenas o despertador que vive assim, afinal.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

o que não tem fim sempre acaba assim.

do que foi. foi?

novos horizontes
se não for isso, o que será?
quem constrói a ponte
não conhece o lado de lá
quero explodir as grades
e voar
não tenho pra onde ir
mas não quero ficar
suspender a queda livre
libertar
o que não tem fim sempre acaba assim
(novos horizontes, engenheiros)

e de repente percebo que o fim da faculdade é como o nosso fim. formalmente, as coisas acabaram. mas afinal, parece que não.
liberdade caminha junto com angústia, desconforto e insegurança.

 
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