terça-feira, 30 de setembro de 2008

devir-romance

hoje voltei pra casa com a vontade de ter um amor pra vida inteira. não é vontade de apaixonar, de conhecer alguém, de casar... nada disso. vontade simplesmente de outra realidade...
- boa noite.
- boa noite, amor. como foi seu dia? - diz você, meu amor-pra-vida-inteira-de-mentirinha, com um sorriso quase que natural, que sai quase como que reflexo de me ver.
e seus braços estariam abertos, e meu corpo estaria preparado para me jogar neles. ficaríamos um tempinho, quietos, respeitando o nosso silêncio, a nossa conversa de sensações, em um abraço caloroso.
minha cabeça saíria do encaixe perfeito do seu ombro para poder olhar novamente seu sorriso. trocaríamos um beijinho, simples. você faria graça da minha cara de acabada, e eu falaria do seu visual, que por ter chegado antes, já estava vestido com aquele moletom que eu vivo criticando, mas acho um charme quando você veste.
mas então, você não é real.
chego em casa, deito no sofá e choro de cansaço. você não é real, e sinceramente não me importo com isso. se você existisse, provavelmente amanhã estaria de saco cheio de você, que não entende o fato de eu ser ansiosa, não dormir e gostar de ocupar cada segundo do meu dia, e junto reclamar que meu dia é super lotado.

mas hoje...ah! como seria bom a sua existência hoje.

domingo, 21 de setembro de 2008

que não demora pra essa dor... sangrar!

"Eu já cansei de imaginar você com ela
Diz pra mim se vale a pena, amor
A gente ria tanto desses nossos desencontros
Mas você passou do ponto e agora eu já não sei mais..."
[a outra, los hermanos]

um fim de semana sozinha. desliguei o celular, e o msn ficou semi-ligado. ocupado, para alguns. disponível, para outros. o desligar o celular foi algo quase que simbólico, já que o telefone de casa continuou aqui, e eu continuei atendendo.
talvez seja porque você não tem o número dele. e assim não me acharia, embora você não fosse me procurar, a menos que seja pra falar de algo que eu não queira falar também, já que não seria sobre nós.

não é amor, tampouco tristeza, menos ainda tristeza de amor.
não dá pra explicar o que sinto, não dá pra quase nem sentir. é como se eu não tivesse sentindo mais nada. as forças do mundo me atravessando, algumas me prendendo para eu ficar um pouco em casa, algumas enchendo meus pulmões pra eu continuar respirando.
e eu aqui, fluindo conforme a vontade das forças.

há tempos meu sobrenome virou inércia.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

a vida é mesmo assim. dia e noite, não e sim.

há alguns meses, abri mão de minha armadura. por cinco anos tive ela, me protegendo de tudo e de todos, evitando uma grande exposição que poderia me ferir. com ela pude ter momentos imensamentes felizes, e sempre seguros. enquanto estava protegida, o que pudesse dar errado, nada seria tão grave a ponto da minha armadura não dar conta, e eu sabia, sempre, que nunca estava sozinha.

falando assim, podem achar idiotice minha abrir mão de uma armadura potente como essa. não digo que não foi. sem armaduras, dá medo. acordar é sempre um risco. mas era tempo de se arriscar, embora eu não saiba explicar muito bem o porquê (e talvez seja melhor não buscar muito, antes que eu descubra que de fato fora uma idiotice gigante).

sem armadura, sem proteção. perdi o chão, o teto e as paredes.
cortei as cordinhas e me despi pro mundo.
mordi a vida com todos os dentes e pude sentir todos os gostos que ela tinha pra me oferecer no momento. do doce abraço de um encontro com alguém especial a um amargo sumiço.

sem armaduras, a tendência foi virar pedra. e fui ficando fria, firme, durona. por dentro, sempre derretida, prestes a se desmontar. como uma trufa de chocolate saindo da geladeira, prestes a enfrentar o calor da cidade.

e assim foi. foram dando soquinhos, esbarrões, tapinhas, cutucões, até que hoje me desmontei. fiquei em caquinhos, prestes a ser recolhida e embrulhada num jornal, esquecida em um lixo qualquer. aqui estou. desmontada. despedaçada.

e tudo o que eu penso é que é tarde demais pra usar armadura, e cedo demais pra buscar outra.
ainda estou em pedaços, e uma armadura não protege pedaços.
estou novamente em caixa postal com o mundo, desesperada por socorro, mas sem voz pra gritar.

tudo que eu quero é que esse episódio acabe, pra começar uma nova temporada...

músicas da viagem santos-sp...

Esquecer o espaço, o tempo e o viver
Perder a noção do que é ter a noção do perder
Se um dia eu fui alegria ao te conhecer
Agora canto porque sinto a dor de não te ter
[paulinho moska]

eu te amo calado, como quem ouve uma sinfonia...
[lulu santos]

I know it's over
And it never really began
But in my heart it was so real...
[smiths]

domingo, 14 de setembro de 2008

"preciso transfundir seu sangue pro meu coração que é tão vagabundo..."

Eu quero me esconder debaixo
Dessa sua saia prá fugir do mundo
Pretendo também me embrenhar
No emaranhado desses seus cabelos
Preciso transfundir seu sangue
Pro meu coração que é tão vagabundo...

Me deixe te trazer num dengo
Prá num cafuné fazer os meus apelos...

Eu quero ser exorcizado
Pela água benta desse olhar infindo
Que bom é ser fotografado
Mas pelas retinas dos seus olhos lindos

Me deixe hipnotizado
Prá acabar de vez
Com essa disritmia...

Vem logo
Vem curar teu nego
Que chegou de porre lá da boemia...

sábado, 13 de setembro de 2008

fala contempladíssima

Não falo do amor romântico,
aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.
Relações de dependência e submissão, paixões tristes.
Algumas pessoas confundem isso com amor.
Chamam de amor esse querer escravo,
e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser
definida, explicada, entendida, julgada.

Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro,
antes de ser experimentado.
Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta.
A virtude do amor é sua capacidade potencial
de ser construído, inventado e modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.
Como fotografá-lo?
Como percebê-lo?
Como se deixar sê-lo?
E como impedir que a imagem
sedentária e cansada do amor nos domine?
Minha resposta? O amor é o desconhecido.

Mesmo depois de uma vida inteira de amores,
o amor será sempre o desconhecido,
a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
O amor quer ser interferido, quer ser violado,
quer ser transformado a cada instante.
A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
decidimos caminhar pela estrada reta.
Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos,
e nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim.
Não, não podemos subestimar o amor, não podemos castrá-lo.

O amor não é orgânico.
Não é meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.
Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha
e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
Como se fossem novas estrelas recém-nascidas.
O amor brilha.
Como uma aurora colorida e misteriosa
Como um crepúsculo inundado de beleza e despedida
O amor grita seu silêncio e nos dá sua música.
Nós dançamos sua felicidade em delírio
porque somos o alimento preferido do amor,
se estivermos também a devorá-lo.

O amor, eu não conheço.
E é exatamente por isso que o desejo
e me jogo do seu abismo,
me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega.
Morrer de amor é a substância de que a vida é feita.
Ou melhor, só se vive no amor.
E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.
[vênus, paulinho moska]

tudo novo de novo

Pensei esses dias que a gente vira adulto tão rápido quanto o dia vira noite no verão. Parece que demora pra chegar, mas quando é pra escurecer, vira noite em um segundo, piscando o olho.

Há um tempo atrás meus pés cabiam nos quadradinhos da calçada, e eu ia indo, em linha reta, às vezes perdendo o equilíbrio. Há um tempo atrás eu mal pegava ônibus, fazia tudo pertinho de casa. Dormia cedo quando tinha que acordar cedo (pra começar, existia a viabilidade de ir dormir cedo ou não).

Hoje me vejo acordando sozinha num apartamento em Santos. Ouço barulho de chuva, corro para a área de serviço, porque nao lembrava se tinha fechado a janela antes de dormir.
Dou uma rápida espriguiçada e faço um café, que como com torradas ouvindo um pouco do jornal da manhã. De vez em quando solto uma risada irônica enquanto escuto as notícias políticas.
Corro pra sair e conseguir pegar o ônibus que costuma passar no ponto umas 7h50, pq o que vem depois sempre atrasa e vai cheio.
Chego na faculdade, vejo meus amigos discutindo sobre o transporte público na Europa. Vou ler o jornal, pra ver se sai uma notícia que estou esperando. De repente, as notícias de jornal estão diretamente relacionadas com o meu cotidiano. De repente, eu tenho responsabilidades.

É uma coisa idiota, mas se eu lembro de um tempo atrás, pensava que as responsabilidades a gente se responsabilizava de forma racional, clara. Hoje vejo responsabilidades caindo e eu abraçando, assumindo, defendendo.

De repente, eu tenho uma agenda. Uma agenda grande, com reuniões agendadas. De repente, eu faço reuniões!!! De uma hora pra outra, os partidos não são só parte daquilo que passa no horário político (que em casa chamavam de hora do bobo).

Não vou falar que gostaria de voltar ao tempo de dormidinhas pós-almoço ou de pequenas responsabilidades. Eu só fiquei realmente impressionada com a velocidade que as coisas aconteceram, e continuam acontecendo.
A sensação da vida estar acontecendo. Eu só consigo controlar e entender a minha vida quando nada acontece. Só entendo a minha vida quando não vivo. Esquisitíssimo. E afinal, o que é que a gente realmente tem a ver com as nossas próprias vidas?

"eu falo de amor a vida, você de medo da morte.
eu falo da força do acaso e você de azar ou sorte.
eu ando num labirinto e você numa estrada em linha reta."
paulinho moska

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

papo de mulherzinha.

nunca fui muito de ter amigas mulheres, mas tudo muda quando se encontra pela vida mulheres nada convencionais.

caipirinha, batida, sex on the beach... nada disso! o negócio é a boa e gelada cerveja.
ao invés de fofocas, análises e, por consequencia, teorias.
os homens altos, loiros de olhos azuis que me perdoem, mas nem são citados na roda. o negócio vai de gays a comunistas, passando por orientais estilosos e outras mulheres também.

é. o mundo moderno tem as suas vantagens.
em outros tempos, seríamos possivelmente queimadas em alguma fogueira cristã.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Por uma UNIFESP mais politizada (e com humor, sempre).

"Com o Tortora ao léu, vote na Isabel!"

"Se o Tortora só te engana, vote na Adriana"

"Não pense que o Tortora comanda, vote na Fernanda!"

"Se o Tortora te dá preguiça, vote na Rayssa"

"Com Nietzsche na mão, Tortora no chão, vote no João!"

pra terminar, só para dar um reforço positivo no C.A. da Psico:

"Por uma UNIFESP com real excelência, Bér, Fer e Jrão na presidência!"

"Sem CONSU na calmaria... C.A. PSICO na reitoria!!!"

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

"eu me ofereço por inteiro, você se satisfaz com metade."

pra tudo e em tudo e pra todos. sou eu me atirando, lá de cima, mergulhando com tudo.
nas atividades acadêmicas, nas amizades, nos relacionamentos amorosos e/ou passionais.

não quero amanhã, não quero depois, não quero fim de semana.
quero agora, e que esse agora dure pra sempre. nós dois num potinho, espremidos, em conserva. o momento eternamente conservado.

adoro me apaixonar. se pudesse, me mantia nesse estado constante de "coisa nova no ar".
tem gente que fala que se a vida fosse assim, a gente não aguentaria.
"- precisamos de momentos de tédio, até pra valorizar esses momentos de grandes emoções." diz a pessoa padrão.

eu não aguento é essa vida tediosa.
quero continuar com meus dias emocionantes, com noites mal dormidas e frio na barriga.
com arrepios, abraços e carinhos.
com discussões fervorosas sobre amor, política e filosofia.
com cerveja, risada e música boa.
com ótima companhia, seja ela uma pessoa, um livro ou um filme.
pra sempre.

alguém me arranja um pote?

domingo, 7 de setembro de 2008

quando você olha molha meu olho que não crê...

se tudo pode acontecer
se pode acontecer qualquer coisa
um deserto florescer
uma nuvem cheia não chover

pode alguém aparecer
e acontecer de ser você
um cometa vir ao chão
um relâmpago na escuridão

e a gente caminhando de mão dada
de qualquer maneira
eu quero que esse momento
dure a vida inteira

e além da vida ainda
de manhã no outro dia
se for eu e você
se assim acontecer

se tudo pode acontecer...
[arnaldo antunes]

sábado, 6 de setembro de 2008

tudo numa coisa só

nesses dias intensos, me pego compromissada com um milhão de coisas. a primeira atitude de quem me vê, depois de falar "nossa, que cara de acabada!", é basicamente ordenar pra eu largar as coisas.

a questão é que não acho que as coisas sejam tão fáceis de largar assim, por achar que na verdade é tudo uma coisa só. apesar de ter isso mais ou menos certo, nunca tive muita certeza de porquê sentia que tanta coisa assim poderia estar ligada. hoje, mais uma vez pensando nisso, fui atravessada por uma idéia que desde então me ocupou o dia inteiro.

ultimamente minhas atividades podem ser centralizadas na idéia de que busco formas de levar mais política pra vida e/ou mais vida pra política.



bom, o desenvolvimento eu faço depois. é algo complexo demais. vamos por partes. por enquanto, me contento em deixar registrado tal idéia.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

eu sinto como se eu seguisse os meus sapatos por aí...

Me dê um beijo, meu amor
Só eu vejo o mundo com meus olhos
Me dê um beijo, meu amor
Hoje eu tenho cem anos, hoje eu tenho cem anos


E meu coração bate como um pandeiro num samba dobrado
Vou pisando asfalto entre os automóveis
Mesmo o mais sozinho nunca fica só
Sempre haverá um idiota ao redor
[balada do asfalto, zeca baleiro]


prometo a mim mesma, e a meu blog aparentemente sem leitores que esse fim de semana tentarei organizar meus pensamentos por aqui. preciso escrever sobre os últimos dias. é uma questão de conseguir elaborar, escrevendo e pensando.

tá foda.
 
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