quarta-feira, 22 de setembro de 2010

e se eu pudesse entrar na sua vida?

...um dia ouvir de você: entre, entre sem bater.
invade minha vida, venha jantar na minha casa e não saia nunca mais.
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o silêncio que angustia.

a possibilidade de algo que não sei o que seria, gritando em minha orelha.
gostar de você é andar de olho fechado num lugar escuro e desconhecido. é tatear, buscando reconhecer algo que já tenha sentido, vivido. qualquer coisa que me dê segurança.
gostar de você é encontro na praça às 10h da manhã: é simples, é bonito. é cheiro de primeiro amor. é gosto de infância, de primeiro encontro de mão que faz o corpo tremer.

"me ensina a não andar com os pés no chão
para sempre é sempre por um triz
aí, diz quantos desastres tem na minha mão
diz se é perigoso a gente se feliz"
beatriz, chico buarque



terça-feira, 21 de setembro de 2010

um encontro na praça às 10h da manhã.

ficou marcado, enfim. e é amanhã.
tanto tempo pensando nesse encontro e de um dia para o outro ele vira o dia seguinte.
cada vez que lembro o coração bate forte. e o estômago lembra que eu ainda não aprendi como funciona esse troço de gostar de alguém (de) novo.
são 23h agora, o que significa que falta 11 horas para te encontrar em frente a praça. posso dizer que falta 10h40min, pois o tempo que caminharei até a praça pode ser considerado quase o momento de te encontrar.

um encontro na praça às 10h da manhã. não existe forma melhor para começar o dia.
a síntese de um dia bom, logo no começo da manhã.
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serei aquela com flor no vestido, mas provavelmente você me enxergará pelo tamanho do sorriso.

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da série: eu tô falando de amor

- pois é... por isso que eu tô tentando não criar muita expectativa, não gostar muito... embora seja meio complexo essa coisa de querer controlar sentimentos não é?
- sim, foi inevitável rir quando você falou que está tentando não gostar muito. foi bonito e ingênuo. eu queria ser assim, ou pelo menos tentar. mas o problema é que eu gosto de gostar. mesmo que machuque.

deve ser um tipo de masoquismo, sei lá.



segunda-feira, 20 de setembro de 2010

bagunça

e tua calça misturada com meus cadernos.
e teu casaco misturado com o meu, e minha bolsa.
e tua mochila enroscada na cadeira.
e tua camiseta - não tua, motivo este de briga, também - misturado em algum lugar que eu nem quis saber aonde.
suas moedas pelo chão, bem como tantas coisas minhas que caíram - celular, controle remoto.
as comidas roubadas da dispensa dos pais, no chão também.

a necessidade de arrumar a mala, e de ir pra outra cidade.
mais uma semana, e eu não queria ir assim, com tamanha bagunça - e dessa vez não me refiro às coisas pelo chão.
queria aproximar-me de você como um casal que se aproxima pela primeira vez. as mãos que se tocam em um acaso totalmente planejado. e das mãos que se entrelaçam viram braços que se enroscam até que então... um beijo. o primeiro. queria beijar você pela primeira vez de novo.

você se arruma apressado - é dia de rodízio, e além do mais, tem a zona azul do bairro burguês de meus pais.
eu me escondo debaixo da coberta, pois a luz acesa sempre me irrita de manhã - com o tempo fui aprendendo a me antecipar e me esconder antes de você acender a luz.
você termina de arrumar a tua bagunça - a da calça, da moeda, do casaco, da camiseta não-tua, que são as menores bagunças suas e minhas - e senta na ponta da cama, pega em minha mão, e nos olhamos procurando saídas, ou entradas, já nem sei.
por um momento me ocorre se, de repente, surge a famosa música do plantão da globo - aquele que sempre anuncia alguma desgraça, ou algo chocante - "informamos que subitamente o rodízio foi cancelado, e todas as vias para descer para a Baixada Santista estão bloqueadas".


mas a televisão nem ao menos está ligada.


é, meu bem, então éramos nós outra vez. cara a cara, tendo que se virar naqueles 10 minutos.
então eu pego tua mão e digo:
- sei que ficaremos bem, tenho certeza disso. e você?
- acho que sim
- é isso que temos, então.

você bota a mochila nas costas, eu visto uma roupa qualquer e te acompanho até a porta.
um beijo de vontade de ficar mais - às vezes é o que basta para saber que estamos juntos.

sábado, 18 de setembro de 2010

das eleições e da vida

"nem fede, nem cheira...mas é honesto"
justificativa que meu pai deu para votar num candidato X, do PSDB, para deputado federal.
eu fico inconformada com o grau de desilusão política das pessoas. um tanto ignorância, falta de conhecimento... mas vai chegando as eleições e penso também o quanto tanta gente já acreditou em algo e se decepcionou - e não é a toa.

o sistema capitalista faz com que a gente passe a acreditar nas eleições burguesas como o maior exercício de democracia que temos hoje, como se o máximo que a pessoa pudesse fazer era escolher os números mágicos certos, para digitar na urna eletrônica mágica, em que assim mágicos seriam eleitos para magicamente transformar o País.

e, obviamente, isso não dá certo.
daí surge: Tiririca.
pra protestar.
pra mostrar que não tá nem aí pra esse bando de político que fiz a mesma coisa.
(o que não sabe é que o Tiririca tá fazendo coligação com o bando).

mas enfim, voltemos ao meu pai: na hora em que ele falou, um pensamento me ocorreu na cabeça... honestidade virou uma virtude rara!
é muito estranho isso acontecer, honestidade nem deveria ser critério porque deveria ser óbvio. e é impressionante como a gente se acostuma a falar de honestidade como se falasse de algo incomum.

momento terapia no banco da faculdade
- nossa, tanta coisa pra fazer...
- e a gente vendo faz, faz, faz, e parece que não vai pra frente.
- e a gente se mete em tanta coisa...
- ...trabalhos...
- ...projetos...
- ...militância...
- ...e quando pensa no que tirar, parece que não dá pra tirar nada...
- ...é, só nós mesmas...
(silêncio)
- ...pois é. daí não come, não dorme, e não senta no banco pra conversar.

éramos felizes em 2015

você acordava tão cedo como eu. eu gostava disso em você.
e também não ligava pra café da manhã, o que permitia ficarmos enrolando, enrolando... pegávamos nossos livros de cabeceira - você também acumulava livros na cabeceira - e líamos todos. junto e misturado. discutíamos e no meio da discussão, lembrávamos de uma poesia, que estava em outro livro. este livro estava na estante então tentávamos lembrar a poesia de cabeça, para não ter que levantar.

as manhãs não eram de muito risos - você sempre foi um cara mais quieto, que a princípio eu achava que era timidez, mas depois de tanta intimidade vi que era teu jeitão mesmo.
mas com certeza tinha muita alegria em nossas manhãs.

éramos felizes, em 2015. talvez essa pequena cena ilustre isso.
triste que não acontecerá mais. triste ter medo de aceitar meu convite.
triste rejeitar a loucura de gostar de alguém que mora tão longe.
estamos em Estados diferentes.
estamos em estados diferentes - eu gosto, você ignora.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

para ler todos os dias quando acordar, e antes de dormir

a nossa sociedade é machista.
a nossa sociedade não superou nada, ainda, da condição de desigualdade de gêneros.
não falo de direitos, leis, regras de boa vizinhança.
em determinado momento, a mulher já não servia apenas pra cozinhar, lavar, passar, cuidar dos filhos e trepar com o marido, e teve que ingressar no tal do mundo do trabalho. e aí, é necessário que algumas normas de convivência se estabeleçam.
não dá pra ser moderno e declaradamente ser machista (até dá, mas a moda é ter isso superado).
não dá pra usar um terno arrumado, celular com câmera, ir nos bares da augusta e dizer que mulher é pra ficar em casa cuidando de filho, e que só pode transar depois do casamento.
tem que dizer que é contra essa mentalidade ultrapassada, tem que falar (pela namorada, obviamente) sobre as novas condições da mulher atual.

o homem aceita que a mulher trabalha, mas ridiculariza aquelas em que hoje, em 2010, manifestam a opressão que sofrem cotidianamente. essa opressão, que parece tão ilusão de resquícios de feministas, tão abstrata para os homens modernos de celulares modernos.

eis um pouco de concretude pro homem moderno do celular moderno, que diz de forma séria, ou em forma de alguma piadinha escrota.
eis um pouco de verdade, a opressão ainda existe:

seja apanhando do marido em casa, silenciada para manter a situação familiar.
(leia a crônica de luiz felipe pondé, na folha de são paulo, um dos jornais de maior circulação)

seja trabalhando todo o dia e sofrendo assédio desde a ida ao trabalho (com homens se aproveitando para esfregar nos ônibus e metrôs) até o próprio emprego, em que sofre assédio do patrão e dos companheiros de trabalho, com gracinhas de mau gosto.
(leia a crônica de luiz felipe pondé, na folha de são paulo, um dos jornais de maior circulação)

com o assédio moral de trabalhar tanto quanto ou até mais que os homens de seu trabalho e ainda assim ganhar menos.
(leia a crônica de luiz felipe pondé, na folha de são paulo, um dos jornais de maior circulação)

com o assédio de pedreiros, pintores, motoristas, mendigos e qualquer ser com pinto que anda na rua e, ao passar uma mulher, se sente no direito de tratar como bem entende - seja fazendo um comentário escroto, seja olhando como se fosse um prato de comida, seja estuprando.
(leia a crônica de luiz felipe pondé, na folha de são paulo, um dos jornais de maior circulação)

com a pressão da sociedade para se vestir gostosona, para se maquiar gostosona, para se cuidar gostosona para o homem. para ser como o padrão de beleza que a sociedade criou.
(leia a crônica de luiz felipe pondé, na folha de são paulo, um dos jornais de maior circulação)

e o pior de tudo, mais horrível que toda a crueldade histórica da opressão que vivemos diante do homem, é ser ridicularizada com o pouco de vozes que temos gritando "BASTA!". somos ridicularizadas, chamadas de peludas esquizofrênicas alucinadas, em pleno jornal de maior circulação.
(leia a crônica de luiz felipe pondé, na folha de são paulo, um dos jornais de maior circulação)

diante de tudo isso, só uma coisa a dizer: uga-buga

- algo tão ridículo quanto essa crônica, que eu não queria mesmo perpetuar ela por aí, possibilitando tanto um sucesso dessa BOSTA de gente (que ainda é professor, PROFESSOR!!!) ou risos de algum machista escroto que passar por esse blog. mas, vi como uma oportunidade também de incomodar mais mulheres, para haver mais gritos, para haver mais luta.

é preciso acabar com esse machismo escroto que assombra a sociedade.
é preciso acabar com esse capitalismo escroto que favorece esse machismo.

sobre as eleições (um início de conversa)

da série: eu queria que o Brasil fosse como as propagandas eleitorais do PT
primeira eleição que faço campanha. tantas vezes visitei o blog pra tentar escrever as impressões sobre como é estar inserida, mesmo que de forma mínima, no maior espetáculo da democracia burguesa que é esse período.
a verdade é que essa eleição é a mais bizarra do universo. dois candidatos, situação e oposição, com uma mesma proposta neoliberal para o país. Daí, eis que surge, a tal da "terceira alternativa": humilde, que vem lá do Nordeste, mulher... COM AS MESMAS PROPOSTAS!
considerando que já estamos com o pé na lama - pra não dizer na bosta - o que resta é se divertir com o pouco de cócegas que a esquerda tem feito nesse processo. e, discutir as eleições na Universidade, em casa, no dia a dia, de fato é divertido, quando se tem um candidato, quando se acredita em algo.




ah, não sei o que acontece, vim pra falar algo mais duro, mas acabei falando fofinho demais.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

"quem diria que viver ia dar nisso?"

eu, 22 anos.
eu, 22 anos, mulher.
eu, 22 anos, mulher, comunista.
eu, 22 anos, mulher, comunista, feminista.
eu, 22 anos, mulher, comunista, feminista, decidida.

deito no teu ombro, olho no teu olho...:
- e se a gente morasse juntos?

fico deitada enquanto você arruma suas coisas, faço cara de choro...:
- e se você ficasse mais um dia?

e as coisas do coração pega todo mundo, de todo jeito, por todos os lados.
e não tem nada mais gostoso do que ser pequenina de vez em quando. repito: de vez em quando.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

22

"Que setembro seja melhor e supere todas as angústias, medos, inseguranças e azar de um agosto fodido."
C.F.A.

Chega aí, setembro.
 
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