domingo, 31 de maio de 2009

a violência é tão fascinante...e nossas vidas são tão normais.

um grupo de cinco pessoas andando, pelo fim de tarde. começa a chegar um cara, chega outro, outro, outro. quando vemos, são mais de vinte. "pode passando as coisas, vão colocando todas as mochilas no meio".

um estranho se aproxima. tira uma faca e manda dar o celular.

entram em casa e roubam o fogão e a máquina de lavar.

um cara manda estacionar a bicicleta e largar tudo que tem ali.

pesadelo, vida real e alucinações se misturam. tudo me deixa impressionada. a cidade, que semana passada era cenário de compra de bebidas pela madrugada, trânsito entre bares e passarela entre as casas (aos risos por sermos todos vizinhos)...hoje é tudo aterrorizante, escuro e dá taquicardia. neurose, que perdemos mas sempre volta, e esperamos a hora de ir embora novamente.

terça-feira, 26 de maio de 2009

sobre viver no limite - tire a mão da consciência e meta a mão na consistência

eu, bel. 18 horas dormidas nas últimas 108 horas.
semana de enventos sobre saúde mental. aprendendo a viver no limite.
conhecendo novas pessoas que também dispensam o tédio da vida, preferindo a correria e as dúvidas e as fortes emoções.

pessoas que choram ouvindo histórias de vidas alheias. vidas também do limite. limite de vida deprimente, aos cantos de um antigo hospital psiquiátrico. vida de pessoas que fizeram a revolução por onde passaram, que perturbaram uma ordem e se reconhecem em cenários de transformações sociais. vida de pessoas que escrevem pela vida, e não da vida ou pra vida.

choramos porque nos reconhecemos humildemente nesses traços cansados, nessas olheiras fundas, sempre acompanhada de um sorriso no rosto seguido de uma fala: "é, eu fiz isso. hoje não sei dizer como, nem bem porquê. sei que não poderia ter feito sozinho."

heróis anônimos. quem mereceria algum tipo de poder de governar, de dirigir um grupo ou um país, dificilmente preza por esse espaço. tá sempre ocupado demais. agindo. mudando. tentando.
tenta, tenta. chora. noites em claro por algo que talvez não se sabe bem o porquê. só faz sentido fazer.

é emocionante viver no limite. limite do que? não se pode dizer que é entre razão e loucura, ou entre o possível e o impossível, ou entre aquilo que potencializa e aquilo que te agride, tamanha a força que vem. no limite. no limite e ponto final.

que rico que é quando essas pessoas se encontram! não vale o tempo que dura, vale a força com que vem. e que fique forte.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

at the final moment i cried, i always cry at endings.

perguntam, às 22h da noite na casa de um recém-conhecido, enquanto fazemos capas de um livro que será lançado no dia 18 de maio (daqui duas semanas): "nossa, às vezes vocês não olham pra trás, pensando no dia que teve, e acham que na verdade foram dois?"

paro pra pensar, e até assusta.
parece que foi uma semana.

* há tempos não perguntavam sobre o meu dia. uma pessoa simpática contou, dia desses, seu fim de semana, compartilhando, como uma espécie de namoro. estava tão semelhante que tive vontade de fazer cena de ciúmes quando falou de outra mulher.
é. às vezes faz falta. gostar de alguém, sentir ciúmes, receber carinho e ter-saudades-e-reencontrar-com-novidades.
e aí eu entro no ônibus e choro, choro, choro. ouvindo aquela música, lembrando daquele dia.


às vezes acho que escolhi alguém aleatório pra sofrer de amor, já que não tem ninguém pra me apaixonar no momento.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

da série que nunca existiu: achados e perdidos*

quando mudei de apartamento em Santos fiquei encantada com um lugarzinho simpatico chamado "Chá dos Frades". fui conferir, antes ainda de trazer as caixas e me sentir oficialmente moradora da região, e achei o lugar super interessante. a especialidade era chás. lembrando: em Santos, era dezembro. o espaço era grande. ficava pensando o que levava alguém a achar que um lugar especializado em vender chás daria lucro em uma cidade que durante meses não venta e que o calor é insuportavel.
a mulher era super simpatica, o lugar bem familia, a filhinha ajudando na conta e brincando numa mesinha pequena. faziam chá das 5, que tinha bolinho.
fiquei encantada, mas obviamente só entrei lá pra tomar o chá gelado, e sucos. amiga minha já comeu os salgados de massa integral (era tudo do estilo saudavel lá).

tristeza a minha de passar lá hoje e ver que se transformou em algo bizarro. não dá pra entender, deve ser um consultório.
alguma esperança a minha de não falirem vendendo chá em santos, só pela simpatia mesmo.


*achados e perdidos é uma ideia antiga de seção de blog ou um blog exclusivo, com coisas encontradas pelas cidades, e coisas que deveriam sumir, serem perdidas. nunca se concretizou.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

 
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