sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

momento depressivo

Eu não aguento mais chuva.
Eu não aguento mais.
Eu não aguento.
Eu não.
Eu.
.
.
.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

E tudo mais.

"Uma vez amei, julguei que me amariam
Mas não fui amado.
Não fui amado pela única grande razão — Porque não tinha que ser.
Consolei-me voltando ao sol e à chuva
E sentando-me outra vez à porta de casa.
Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados
Como para os que o não são. Sentir é estar distraído.
[ Fernando Pessoa ]

Hoje passei pela sua antiga casa. Quando passamos nela, quando nos amávamos, ela era laranja e fazia Sol. Paramos um minuto e ficamos olhando pra ela. Você lembrava da sua infância, aparentemente triste e cinza. Eu tentava imaginar e me inserir no seu passado. Alguns meses depois acabou.
Hoje chovia, ela estava pintada de branco, e havia um mendigo dormindo em frente.
Parece clichê. A vida é cheia dessas coisas clichês.
Brigas familiares antes da terapia.
Chuvas quando o amor está longe.
Chocolate pra mascarar a carência de dois amigos sentados num banco.
Músicas para se cantar alto num carro parado no trânsito.
Parece clichê e é clichê. A vida é cheia dessas coisas clichês.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

total absurdo

- Bom, vou saindo.. porque tenho que tomar banho e ir dormir. Amanhã acordo cedo..
Tá bom?
- Tá.

Ou: Tá bom. Infelizmente eu sou compreensiva demais para pedir que você fique. Ou, pra pedir que volte pra são paulo, nem que seja pra me dar um beijo e voltar. Então, vai lá. boa noite, um beijo. Aproveita aí (e digo aproveita porque eu sou legal demais e quero que você se divirta, mesmo que seja longe de mim - e não digo nada sobre estar tão longe já que eu sou orgulhosa demais pra dizer que tenho ciúmes). Vou voltar pro trabalho, e quando eu for rica vou te subornar emocionalmente com presentes fofos (porque eu sou uma pessoa nobre demais para declarar um suborno que não seja mais semelhante a uma chantagem emocional).

(e eu posso escrever pensando em você - e quase sempre tem sido, mas é sempre com licença poética)

sábado, 23 de janeiro de 2010

só se vive uma vez.

olá. tudo bem? talvez você não se lembre de mim (ou talvez lembre - é quase uma chance de 50% 50%, mas eu prefiro dizer que talvez não lembre, para você sentir-se a vontade se não lembrar). eu estava num congresso, há um mês atrás, que você também estava.
a demora se justifica por duas aventuras: a de conseguir o seu contato, e a de tomar coragem para te escrever.

bom, eu não sei muito bem como falar isso se não for diretamente, mas vamos lá: acho que estou apaixonada por você. isso pode soar impulsivo e um tanto maluco, mas foi um mês de cálculos, relendo romances e assistindo novamente cenas e cenas de filmes clássicos. foi tópico principal da terapia e da conversa de bar entre amigos. então, tente entender essa conclusão. talvez eu possa tentar te explicar. talvez. mas te explicar não significa deixar mais óbvio, porque não é todo mundo que entende uma paixão. a paixão não é explicada racionalmente, linearmente e coerente. mas posso tentar explicar, e se você entender, quem sabe, pode até ser uma coisa boa pra nós dois - ambos entendemos uma paixão, isso não é um motivo para tentarmos?

enfim. como disse, não tem explicação muito lógica: eu notei você no último dia, e me apaixonei por você no primeiro.
por algum motivo, no último dia, não tinha conseguido pegar um ticket que daria direito a almoço. eu sentei na mesa para esperar as pessoas e conversar. quando chegou com a sua comida, você abriu um sorriso e me deu um pouco de sua comida, trazendo um prato a mais.
eu não queria comer mesmo, a falta de ticket não foi um lapso, foi certa escolha - os apaixonados loucos diriam que era o destino, mas eu sou sensata e digo que foi, no máximo, um belo acaso.

você sentou em outra mesa, de costas pra mim. foi uma tortura, porque ouvia você falando mas não poderia conversar com você. foi uns dez dias depois que eu reparei que de certa forma conversávamos, sim. você ouvia o que eu estava falando, e eu ouvia o que você falava. para falar a verdade, estávamos de costas mas eu não ouvia mais ninguém daquele lugar lotado. só a tua voz.

bom, foi então que o primeiro dia aconteceu. era noite e todos dormiam no alojamento. todos, menos você e eu. sabe, eu sempre achei que existe muita cumplicidade na noite, e não existe nada mais bonito que duas pessoas acordadas enquanto todos dormem. depois que isso acontece, existe uma cumplicidade entre essas duas pessoas que fica como uma marca, pro resto da vida.
e nós estávamos acordados, os dois. você não sabia que eu estava. eu estava deitada. você de pé, olhando a janela. antes do último dia, existia a cumplicidade - queria saber quem era você e principalmente, o que te tirava o sono.
depois do último dia, aquela imagem de você, de pé, olhando a janela grande na sua frente, tornou-se quase uma pintura na minha cabeça. virou um quadro que visito quase todos os dias - se fosse pintora, com certeza teria concretizado já até agora.

desde então, nossa relação tem se constituído por esses momentos. penso em você sempre, invento futuros e passados pra nós. tudo possibilidades, claro. não precisamos fazer desse jeito e eu te dou um tempo pra pensar também.
enfim, a coragem pra te escrever não foi bem por vergonha. foi quase uma descrença, de que grandes amores poderiam começar num refeitório de um congresso (talvez se eu tivesse te notado no primeiro dia, e logo me apaixonado, a cumplicidade da noite e a insônia faria ficarmos conversando e.). essa descrença tomou minha cabeça, porque essa história daria uma bela crônica, mas nunca uma poesia.

(e grandes romances precisam parecer com poesia.)

mas eu resolvi tentar. mesmo assim. talvez você não se lembre de mim (ou talvez lembre, não seria tão difícil assim). eu só queria ao menos conhecer o dono daquele sorriso quase que de graça que recebi. o que te faz sorrir tão de graça, e distribuir comida pras pessoas?
o que te faz ficar acordado, olhando pra janela? o que te tira o sono?
e por favor, se você for uma pessoa apaixonada como eu, entenderá que eu não quero que me dê respostas, apenas mais perguntas.

um beijo.

domingo, 10 de janeiro de 2010

contigo eu faço de tudo.

"era uma vez um menino e uma menina..."
assim começavam as histórias de infância que meu pai contava, revezando em qual ponta da cama sentava. às vezes na minha, às vezes na do meu irmão.
hoje o tempo é louco. é outro tempo. um tempo que fui construíndo junto com. - por quê é tão difícil botar nome dos envolvidos nos meus textos? - enfim, tempo que fui construindo junto com. reconstruimos nossos passados. eu entrei no dele, ele entrou no meu. fizemos releituras e possíveis desdobramentos. o passado é outro, o futuro nem se fala.

demos um golpe no tempo e vivemos todos eles ao mesmo tempo, agora.
demos um golpe na razão, e construímos uma razão própria.
demos um golpe no medo, e hoje sabemos: temos sempre um ao outro.
pra dizer que não somos tão fortes assim, do amor, em compensação, levamos um golpe.
ele nos jogou no chão e a gente ainda ri do tombo - será que vai aparecer um machucado?

enquanto não sangra, a gente ri, ri e ri.
.
.
.
e eu te amo, te amo, te amo.

assunto: hoje fui pra itaguaré

a praia é outra. impressionante como muda tudo. tentei lembrar, reconstruir as cenas da primeira vez sobrepondo ao que estava vendo, mas era quase impossível.
no final vi as fotos da vez que a gente foi, elas tão no meu celular. nunca mais tinha visto.

a praia ainda é linda.
sei lá, foi legal ter (re)conhecido lá.

um beijo.

da série: escrevi mas não mandei.

feliz, feliz ano novo.

de tempos em tempos procuro saber de você, e você tá sempre por aí, repetindo o ciclo: paixão emocionante - amigos estranhos - algo bizarro para ir atrás (um musical-documentário, a história de um antigo coronel ou uma pesquisa acadêmica sobre alguma coisa que te faça ser algo).
de tempos em tempos falo de você. do nosso - curto nosso- passado. do que soube do seu. a verdade é que cansei de falar de você, pensar em você.

faz mais de dez meses, ou dez meses exatos. voltei pra aquela praia. e ela é outra. as companhias são outras. o futuro é outro e o nosso passado só é comum em um trechinho. trechinho esse que poderia passar por insignificante, mas não passa.

eu ainda escuto as músicas, re-conto e re-construo as histórias.
eu ainda leio livros e vejo os filmes.
eu ainda penso: por quê?
 
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