segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

"quando o amor era medo, eu achava melhor acordar sozinho..."

dói não ter.
ter um pouco.
e até ter demais.

sentir dói. vem forte, antecipa um possível tombo, prevê um salto que arde de tão rápido que chega ao céu e no presente, no tempo presente atravessa todos os tempos e possibilidades e causa taquicardia, dor.

e hoje é tudo misturado, tudo se mistura e então não foram vários, são todos num só sentimento bizarro que me constitui e me faz o que sou.
melancólica, depressiva e com uma eterna dor de cabeça. e o que os biólogos dirão disso, heim, heim.

cds velhos, um filme ruim e lembranças reviradas

um típico domingo de férias.
google acompanha minha caça pra identificar os responsáveis por preencher, faixa a faixa, cds velhos de um porta cd velhos.
na sala, passa um filme que estragou a noite.
lembranças surgem. parte de mim permite uma saudade de vc. da sua familia e dos nossos dias bons. não sei dizer hoje se eles eram maiorias ou não.

mas guardo bons sorrisos. boas fotos. guardo até pequenos prazeres - dos óbvios aos surpreendentes. e hoje faltaram dois na mesa. éramos quatro, e esse passado hoje é tão distante que parece até inexistente.
o tempo em que sentávamos em quatro. dois casais, felizes. a viagem foi boa, e prometemos repetir - logo!
não repetimos - nunca. dá até um apertinho pensar que nessas decisões de gente grande a gente abre mão de um pouquinho de felicidade.

domingo, 28 de dezembro de 2008

discutindo a relação?

ele: muitos pontos finais formam uma reticencia?
ela: e muitas reticencias geram pontos finais.
ele: isso eh um ponto final?
ela: fica um ponto de interrogação, hehe.
ele: melhor um ponto de interrogacao que um ponto final...
ela: é? mas pontos finais permitem novos começos com letras maiusculas.
ele: eu preferiria exclamacao...
ela: ah, exclamação é para poucos, hehehe.

* e vc, meu bem, só ganha pontos de exclamação.

spiderman is always hungry.

- i´m not like them.
- you are. admit it.
- i´m like you.
- no, no. i know i´m a monster.
- i accept it. i accept you, dexter, like a brother.


- i killed my brother. and i killed yours too.

dexter é foda.

"Be still be calm be quiet now my precious boy. Don't struggle like that or I will only love you more. For it's much too late to get away or turn on the light. The spiderman is having you for dinner tonight"
Lullaby, The Cure

sábado, 27 de dezembro de 2008

pras noites de tédio com chuva com ...

leminski sempre acompanha.

a noite - enorme
tudo dorme
menos teu nome

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

"eu acordei, não tem ninguém ao lado..."

olho pro teclado. já é noite e chove na são paulo. escuto uma versão estranha do korn com o the cure cantando uma música que antes eu cantava chorando pensando em outra pessoa. outra pessoa da qual minha história se tornou real novamente assistindo a um filme numa tarde quente de santos. história que tornou real no passado, e "outra pessoa" que antes eu jamais referiria como "outra pessoa".

"outra pessoa" antes era "ele", e hoje "ele" é uma "outra pessoa". uma "outra pessoa" que eu lembro assistindo a um filme que parece diagnosticar os sentimentos doentios que a gente cria para evitar o término de uma relação que te sustenta.
e tentar sustentar uma coisa que te sustenta, só pode dar merda. e até que não deu. nos saímos bem, afinal.

do fim com o "outro", vieram "outros". dos "outros", outros elementos - sentimentos, cheiros, diferentes sorrisos e outros motivos pra lágrimas - surgiram, que até surgiram às vezes no filme, que também permitiram refletir o que acontece até agora. retrospectiva amorosa de fim de ano.

e hoje chove. mas de manhã não chovia lá fora. dentro de mim que estava nublado, nublado, quando estiquei meus braços pro lado direito da cama - o que declaramos (ou melhor, eu declarei, na tentativa de mais uma vez assustar com qualquer coisa que assemelhe uma relação matrimonial) ser o seu lado - e não havia ninguém lá!!!

que coisa, que coisa louca, que coisa linda que é!
vivia uma vida "dois-em-um". era nós dois numa vida dupla como um só. o mundo a dois se abriu e multiplicou pra um milhão de coisas - livros, assembleias, encontros, bares, palestras, cursos, e até mesmo uma lembrança muito bonita do passado que antes jamais seria passado. e hoje escrevo coisas aleatórias porque chove e eu estou cansada e é fim de ano, época de pensamentos vagos na frente de um computador.

a vida abriu, o amor expandiu, mas alguma coisa ainda parece não mudar: sempre há alguém a quem a gente dedica aquela música de amor que a gente ouve por aí. essa pessoa às vezes chega quietinha, sem fazer muito barulho, pra não atrapalhar. sabe que pode te pegar de mau humor, ou com alguma cicatriz recente, ou sem saco mesmo pra essas coisas aí. de repente, a música toca e a pessoa tá ali: quando vc menos notou, a música começou e o pensamento já parou na pessoa.

"Te dou amor enquanto eu te amar
Prometo te deixar quando acabar
Se você não quiser
Me viro como der
Mas se quiser me diga, meu amor
Pois se você quiser
Me viro como for
Para que seja bom como já é"
arnaldo antunes

e outro dia deu um cagaço fudido. não sei bem o que é, foi esquisito. não era medo de te perder, pq eu não sinto que te tenho pra mim. foi algo forte, deu medo mesmo: eu olhei pra você e primeiro pensei "que do caralho isso tudo!", mas em seguida um sentimento me assombrou. um sentimento de "isso-não-é-pra-sempre-e-logo-logo-acaba".

mas aí eu te olhei nos olhos e tudo ficou bem. o medo sumiu junto com a coragem que surgiu. coragem de mergulhar num negócio incerto e esquisito e profundo que umas pessoas chamam de amor. eu chamo, pra não perder o costume. mas pra mim esse sentimento tem teu nome e é só teu.

(esse trecho eu escrevo no escuro, ouvindo uma música baixinha e com vergonha da confissão)

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

então é natal?

faz anos que época de natal não é das mais agradáveis pra mim. esse ano consegui evitar ao máximo a ditadura do natal, e o "espírito natalino" só foi me assombrar às vésperas da grande ceia.

fico feliz de ter evitado ao máximo esse momento chegar. esse ano papai noel não foi tão assustador, nem mesmo o mundaréu de consumo. me senti até num universo paralelo, assistindo ao circo de longe. foi divertido.

sábado, 20 de dezembro de 2008

ai, caralho!

eu gosto de vc.
eu gosto de vc, mesmo vc sendo um idiota.

eu gosto de vc, e hoje vi que aprendi a aceitar isso.
é até divertido, te xingar sem ser de brincadeira, te olhar com um olhar de raiva e dizer "ai, como vc é idiota..." e, ao mesmo tempo, gostar de vc.

com todas as minhas demonstrações, você saber que eu gosto de vc seria impossível.
mas eu não faço isso pra esconder, pra disfarçar, para "mentir pra mim mesma" ou pra qualquer outra coisa.

é porque é verdade, eu gosto mesmo de vc. mas outra verdade inegável é que vc é um idiota. com todas as letras e boca cheia. e várias testemunhas.
e foi uma grande lição de vida conhecer vc, porque eu achei que era impossível gostar de um idiota. achava que quando as pessoas falavam "ai, me apaixonei por um idiota", era porque o idiota no caso não gostava da pessoa e isso deixava ela com raiva e fazia com que a pessoa fosse chamada de idiota.

poderia ter sido nosso caso há uns meses atrás. mas hoje, o fato de vc ser idiota é outro. vc fala merda, vc faz merda, vc age como um merda. e eu gosto de vc.

é isso. e que bom que é isso, pq os idiotas tem que ser gostados por alguém, não é mesmo?

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

eita, momento bobo!

"Sem me importar
Com o tempo correndo lá fora
Amanhã nosso amor não tem hora
Vou ficar por aqui


Pensando bem
Amanhã eu nem vou trabalhar
E além do mais
Temos tantas razões pra ficar
Amanhã de manhã

Eu não quero nenhum compromisso
Tanto tempo esperamos por isso
Desfrutemos de tudo..."


e a música toca, e a música faz soltar um sorriso confidente, de quem se identifica. e por um momento, senti vc pertinho de mim, como um abraço.

são paulo cinza

primeiro me roubaram o tênis, a calça jeans.
foi um assalto fácil, estava super vulnerável pra ele.

tranquilamente vesti um chinelo, um vestido, um biquini e estava tudo acertado entre nós.
estava bem em ser uma estranha em meio aos asfaltos e prédios monstruosos e bancos e pessoas com as caras amarradas. estava bem, em meio a isso, ser um vestido florido.

de repente, como que de um dia pro outro, assaltaram outra coisa.
essa não tem explicação.
mas olhei pra são paulo, e de repente ela virou cinza.
o que fizeram comigo, com ela, eu não sei! que fizeram com a cidade? que fizeram comigo??

sei que estava tudo na perfeita ordem. era eu e a av. paulista, no nosso namoro semanal. era eu e ela, com os cinemas, as pessoas estranhas e os rostos familiares. era o caos e a mais perfeita ordem do caos.

e um belo dia, que de belo não teve tanto, eu olhei pra ela e disse:
- é isso que tem pra me oferecer? quero voltar!

e então, aquele cantinho, descendo a serra, virou voltar. virou o eixo. "eixo", ou sei lá que nome dar pra essa coisa que a gente chama de casa.
sei lá, sei lá, sei lá.

algo assim, entre a vontade de ficar, entre motivos pra ficar, entre a paixão pelo estar... transformou tudo, virou de ponta-cabeça e agora estou assim. vai entender...
só sei que assim, de um dia pro outro, eu que sempre defendi são paulo, fechando os olhos pra seus pontos negativos - já que tantos faziam o favor de expor, eu tentava sempre mostrar o outro lado - hoje só vi carros e carros, e me peguei falando mal do transito!

coisa maluca que é a vida.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

"- eu te amo, tá bom?"

Assim você disse, com o olho no meu olho, que antes olhava pra você com olhar emburrado, e deitando a cabeça no meu ombro, que estava encolhido de frio no colchão do chão.

Hoje olhei na agenda. Foi no dia 12 de outubro que te devolvi um sorriso de agradecimento ao seu olhar simpático. Hoje, dois meses depois, guardo sua escova de dente na caixa de mudança. A minha casa mais parece nossa que minha.

Seguimos em uma deliciosa inércia que deu certo.

Você não é de falar muito e eu acho que tudo bem, enquanto consigo ver nos seus gestos o carinho que tem por mim. Mas de vez em quando é bom ouvir, e hoje foi bom. E guardei, como numa cena de filme, a imagem na minha cabeça, e um replay me assalta de tempo em tempo, agora que estamos longe:
"- eu te amo, tá bom?"

Tá bom, tá bom, tá bom! =)
 
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