sempre que pego metrô em horários que está cheio, principalmente em horário de ida / retorno do trabalho / escola, tenho a sensação de estar em meio a um rebanho. principalmente de manhã: andam todos com um olhar morto, com cara de quem vai pro abate. todos disciplinados, andando na mesma direção.
nada os espera: é mais um dia, para mais um salário miserável. o mesmo ponto de pegar o vagão, a busca por um lugar pra sentar e lá se esparramar. até o apito de seu ponto tocar, e levantar-se, e caminhar, com o mesmo olhar morto, o mesmo andar morto...
na saída, não é muito diferente. soma-se um olhar com certa fúria, de ter aguentado algum desaforo de alguém. isso será canalizado depois para algum lugar: todo o ressentimento vai pro alcóol, para um filho ou uma mulher que apanhará, ou para o vilão da novela, ou pro time adversário. pouco se pensa, no entanto, em estremecer a hierarquia, a autoridade: essa não se pode mexer.
o mundo é disciplinado. para isso, existem pelo menos 9 anos de escola garantidos pela constituição; saber ler ou escrever é lucro: fundamental é nesse tempo, aprender a obedecer. e quando a escola falha, tem a televisão, o jornal, a família, e demais instrumentos para manter a ordem. nos casos mais rebeldes, a polícia, as leis, o Estado.
uns falam que isso é justiça: afinal, a ordem deve ser mantida.
e, acima de tudo, o rebanho deve continuar seu percurso para o abate.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
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