sábado, 29 de maio de 2010

só pra constar...

hoje dormi esperando um telefonema teu.

domingo, 23 de maio de 2010

continuando, continuando...

'Dói de todos os lados,
os de fora, os de dentro,
de baixo e de cima, nenhuma saída,
e você meio cego, meio tonto,
só sabe que tem que continuar,
meio sem esperança, as ilusões despedaçadas,
o coração taquicárdico,
língua seca,
e continuando.
Continuando.'

"Tateando traços difusos, vagas promessas. Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração. Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector "Tentação" na cabeça estonteada de encanto: "Mas ambos estavam comprometidos.Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível"."

"Sempre achei que os dois tipos mais fascinantes de pessoas são as putas e os santos, e ambos são inteiramente destemperados, certo? Não há que abster-se: há que comer desse banquete. Zézim, ninguém te ensinará os caminhos. Ninguém me ensinará os caminhos. Ninguém nunca me ensinou caminho nenhum, nem a você, suspeito. Avanço às cegas. Não há caminhos a serem ensinados, nem aprendidos. Na verdade, não há caminhos. E lembrei duns versos dum poeta peruano (será Vallejo? não estou certo): “Caminante, no hay camino. Pero el camino se hace ai anda”."

Todos do Caio Fernando. (e minhas, por que não?)

quinta-feira, 20 de maio de 2010

eles estão por fora do que sinto por você

eu entendo. é complicado. daí ninguém entende. nem você. nem eu, eu sei. mas de mim, não dá pra me afastar. daí eu fico longe de todos. dos outros. de você. de mim, de certa forma.
porque é complicado e ninguém entende. nem você. nem eu, eu sei.

daí a única coisa que faz sentido é chorar, e estourar meus tímpanos com uma música bem alta no fone de ouvido, enquanto canto desesperadamente para o condomínio, a rua, o bairro, a cidade... quem sabe até pra você ouvir, do outro lado, do outro lado.

da série: diálogos
eu: falando em gritar alto, cantava tão alto agora que estou até com vergonha de sair do prédio.
ele: não precisa ter vergonha, os outros é que disfarçarão a inveja.

terça-feira, 11 de maio de 2010

eles estão por fora

"vamos embora, companheiro, vamos. eles estão por fora do que sinto por você.."

de todos os cantos.
chega a noite e todos vão pra suas casas.
os que tem emprego, voltam de seu emprego.
os que estudam, voltam de suas aulas.
as famílias burguesas pedem suas pizzas e sentam no sofá assistindo a novela.
as famílias mais simples comem seus lanches sentados no sofá assistindo a novela.
as famílias mais pobres se viram como podem, de preferência sentados no chão assistindo a novela.



o acesso a tv globo é maior que o acesso a saúde, alimentação e educação.

desse lado da cidade.
universitários despertam, mau-humorados para suas aulas. comem suas maçãs, tomam seus sucos de laranja.
um ensino técnico. uma graduação onde há repasse de conhecimento, apenas.
existe medo de uma construção conjunta.
existe algo de perigoso quando se forma pensadores, e não se fabrica mão de obra.
"os incomodados que se retirem" - era o que diziam quando não gostava da brincadeira. hoje dizem também. os incomodados vão embora. mas o problema é que não existe lugar pros incomodados. lugar de incomodado é incomodando.

do outro lado da cidade.
300 barracos incendiados. 400 famílias sem lar. quando se tem pouco, o saldo fica sempre negativo. voltar para casa e não ter casa. não ter roupa. não ter comida - se é que já tinha, antes.
incêndio é acidente.
300 casas de madeira em cima de mangue não é acidente.
400 famílias morando em cima de um monte de lixo não é acidente.
a miséria não é acidente, mesmo que tentem nos falar isso o tempo todo. miséria é braço da burguesia.

e é por isso que rico adora pobre. e é por isso que rico sempre que pode ajuda pobre. pra que ele continue ali, com sua vidinha humilde, simples, explorada e submissa.

domingo, 9 de maio de 2010

roda mundo, roda gigante...

A miséria e as vidas miseráveis.
Ninguém passa. Se Caetano dizia "De perto, ninguém é normal", eu sou mais pessimista e digo: "De perto, somos todos miseráveis". Não se trata de uma questão econômica. A miséria vai além, e nos consome no pior dos espaços, que é nas relações humanas. Somos sujeitos que amam de forma miserável, que adoecem de forma miserável, que trepam de forma miserável, que sonham de forma miserável, e que lidam com suas próprias misérias de forma miserável.

Da série: "I should've changed that fuckin´ lock..."
"nossa relação é perigosa, meu amor! há muitos abutres e as janelas têm ouvidos. não podemos nos encontrar e sequer conversar em qualquer lugar. é preciso tomar todo o cuidado possível para que não descubram nada, nada! só assim poderemos nos amar eternamente, por debaixo das botas desses militares possessivos. ha!


um beijo grande.

(que saudade, bel)"


Que saudade, que saudade.
 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...