quinta-feira, 26 de agosto de 2010

depois, depois

"a gente fala disso depois, tá bom?"
tantas vezes falei isso.

e a gente deixa sempre tudo pra depois:
o teatro, o cinema, algumas conversas, o tempo pra nós dois.
a tal viagem que você ia me levar.
aquela manhã prolongada na cama.
uma noite esticada até de madrugada, por são paulo (ou santos, ou taubaté, ou ubatuba, ou.)

tudo pra amanhã.
menos aquela reunião.
aquela reunião é mesmo inadiável.

- eu sinto como se o amor tivesse indo embora e a gente deixando.
- e eu sinto como se o amor tivesse aqui e a gente empurrando ele pra longe.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

ele veio pra matar.

do amor
“sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor, pois se eu me comovia vendo você, pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo, meu deus como você me doía de vez em quando, eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça, então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta, mas tanta coisa que eu vou ficar calada, um tempo enorme só olhando você sem dizer nada, só olhando e pensando, meu deus mas como você me dói de vez em quando.”
caio fernando de abreu

tanta coisa pra dizer que quando vejo fico calada.
tanto amor pra sentir que está transbordando.
acostumei a olhar o mundo com teu olhar junto.
tem mais graça, tem mais riqueza.


é que você virou meu sócio dessa vida.

da vida
ontem lembrei dos tempos da escola, dos professores, sempre dispostos a ensinar algo.
de repente a vida deles me soou tão triste. pensei quantas frustrações não se escondiam na cabeça erguida, para dar aula apesar de.
hoje a imagem deles me soa mais humana, menos abstrata que antes.
lembro de uma ou duas (talvez até mais) professoras que choraram em sala. do nada. quer dizer, hoje penso não ser do nada. mas na época era: chorou porque fulaninho falou com o cara do lado. e ela desabou.

vida miserável.

do (des)amor a vida
"Setenta e cinco policiais militares invadem, sem qualquer autorização legal, o assentamento. A comunidade, preta e pobre, se apavora: não tinha se visto em lugar algum tanta truculência e armas tão pesadas, como se viu neste dia. O tenente, baforando pinga, urrava enfurecido à procura das lideranças do movimento. Seus homens invadiram barracos, rasgaram lonas, quebraram louças. Homens e mulheres, apavorados, tentavam esconder as crianças, fugindo pelo mato. Tiros nos pés. Policiais algemando qualquer um que gritasse socorro, para então torturá-los. Narizes quebrados, testa e pescoço sangrando depois de coronhadas furiosas. Ameaças, gritos, ameaças. Quatorze supostas lideranças amontoadas nas viaturas, feito porcos mortos. Presos.

A criança de três anos pergunta ao policial se iria ser presa também. Ao receber a negativa, pergunta: mas se eu não for preso, tem que soltar os outros também, né?"
César Fernandes

http://www.youtube.com/watch?v=q-FHnfBrIN4&feature=related
estou assim como o youtube: nenhuma descrição disponível.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

troco pulmão esquerdo por cafuné

ai. é impossível adoecer agora e não associar com as aulas de psicossomática. tem suas coisas bizarras, mas faz um sentido, de alguma forma...
há tempos meu corpo mandava eu parar. agora, estou aqui, estragando pouco a pouco. sinto como se tivesse estourando o prazo de validade. preciso me botar de molho, em conserva, pra ver se dura mais.

e aí eu me encosto no sofá, e espero um cafuné. um cafuné que não chega.
acho que tenho me endurecido demais - é tanto que até perdi o costume de escrever aqui.
a sensação que tenho é que é esse mundo que tá me adoecendo.


é muita violência.
e o mesmo sistema que me agride, me oferece antibióticos caríssimos... lucram com tudo, até com meus pobres pulmões, fracos de tantos berros e palavras de ordem - às vezes jogadas ao vento, sem finalidade nenhuma a não ser tirar pra fora toda essa angústia.
enfim, pra quem quiser, taí: troco meu pulmão esquerdo por cafuné.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

11 meses dia 11

eu descobri um mundo teu, e ele é manso...

vai fazer um ano.
um ano que estamos entre risos, choros, e conversas, muitas conversas.
discussões infinitas por um mundo outro.
faz um ano que te convidei pra descobrir outro mundo. você me devolveu com outro(s) convite(s). aceitamos todos. mergulhamos nessa construção. pra onde dá, não sei.
quando questionamos, temos um ao outro para olhar no olho e dizer: confia, vamos mais um pouco
.
.
.
continuando, continuando.

entre a continuidade da construção infinita, muito carinho. muito amor. muito muito. porque a gente nunca quer pouco, nem um do outro, nem de nada do mundo.
a gente quer muito, e quer muito muito junto.

e a gente se convida, pra construir mundo(s), sonho(s), revolução (da vida, do amor, de tudo).
nos dias fáceis, nos dias difíceis, todos os dias, é sempre bom te ter comigo.

não nos afastemos, vamos de mãos dadas.
a jornada é longa, e te ter ao meu lado é sempre uma alegria grande. você me dá força pra seguir
.
.
.
continuando, continuando.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

era verão e não tinha ventilador

e a gente era feliz, mesmo assim.
risos enquanto transpirávamos. a vontade de sair era grande, mas nos refugiávamos do mundo naquele forninho - meu apartamento.

e a gente ficava juntos, mesmo assim.
às vezes, só com as mãos, mesmo que suadas.
abraçados, pra valer, só a noite, quando vinha algum ensaio de brisa, da janela.

o apartamento vazio, recém-alugado, poucos móveis. você trouxe saleiro, cafeteira, salmão congelado e roubado, filmes e livros. música, muita música.
eu te dei o calor... e meses depois, o tal do ventilador.

no entanto, não atravessamos o inverno.
ficamos estancados, como o ar de Santos no verão.
e hoje você faz música, enquanto eu escrevo uns textos perdidos no blog.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

e a gente vai se amar

coração batendo forte, sorrisos de bochecha doendo.
coração acelera, como quem pergunta, a cada batimento:
será?
será?
será?

e a gente vai se amar...
e a gente vai se amar...
e a gente vai se amar...

será?
será?
será?

cheiro de novidade, que vem por aí, dizendo pro corpo cansado:
fique vivo! tem amor na porta.
 
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