morte.
o pescoço duro, as mandíbulas doem. o corpo sente a morte, o corpo sente o corpo quente, nervoso. o corpo chora, chora, chora pelo olho seco que nem uma lágrima cai - e a que cai, o calor seca, rapidamente. mas o corpo chora desesperadamente, e ninguém nota.
as mãos tremem. não se sabe o que é - mas minimamente te lembra: você é mortal.
luto.
algo morreu - hoje, ontem, anteontem, todos os dias algo morre. talvez algo tenha sempre algo morrendo e algo nascendo em nossas vidas.
"é tudo questão de percepção" - foi meu lema, há uns meses atrás.
hoje é mais morte que vida.
um pouco dos outros morre e nasce todos os dias, também. e ultimamente há mais morte do que vida na nossa relação. um pouquinho que se deixa em cada canto, em cada dor, em cada choro.
será que nosso amor resiste ao sopro desse vento que parece querer transformar tudo em areia?
poesias.
(porque ninguém é de ferro)
tinha estendido minha orfandade
sobre a mesa, como um mapa.
desenhei o itinerário
até meu lugar ao vento.
os que chegam não me encontram.
os que espero não existem.
e tinha bebido licores furiosos
para transmutar os rostos
num anjo, em copos vazios.
FESTA, Alejandra Pizarnik (Los trabajos y las noches, 1965)
terça-feira, 16 de março de 2010
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