o jornal da manhã anuncia duas mortes no seu bairro. escuto sentada, em frente a tv. sem café, porque não há cigarros também. há tempos não se toma café em casa.
mas falemos do jornal da manhã, que anunciava dois mortos no seu bairro. por um instante, rápido, mas concreto, aguardei que a notícia dissesse o nome dele, mostrasse o rosto (as olheiras fundas e o rosto de quem esqueceram de avisar que já está morto), falasse algo dele - quem sabe algo de mim também.
por instante desejei a morte para ter alguma notícia dele. seria saudade? morte metafórica? ato falho?
"e tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo (...) que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era"
caio fernando abreu
sexta-feira, 12 de março de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário