Uma nova etapa se inicia: as lutas aumentam e a repressão também. É o inicio de uma nova era, mas
as olheiras,
os ombros pesados,
os corpos cansados
vem de outras batalhas.
Poetas falam do horror desse mundo - da miséria, da morte e das opressões.
Falam de um outro possível, de vida plena, justiça, igualdade. São poucos que falam do caminho, do percurso, do meio que existe entre o horror desse mundo e do possível outro. Poucos falam da ponte, que é dificil e cheia de tropeços.
Os últimos dias apontam essa ponte de forma latente. As lutas não são de hoje, nem a repressão é. Mas hoje se apresentam de forma mais intensa. O que antes ocorria distante dos olhos, no exterminio do campo, das aldeias indigenas, das periferias, hoje ocorre nas principais avenidas das grandes capitais. E torna pauta das midias e mesas de bar.
Assisto os rostos espantados daqueles que entraram encantados com a promessa de um outro mundo, sem dar tanta atenção a essa ponte - dura e dolorosa - que tem antes. Falavam de socialismo como algo utópico e como um sonho. O cenário hoje mostra que isso não é brincadeira e que há violência. Que um atraso, uma ausência, uma falha, pode custar a vida e a liberdade de alguém. Que nós temos medo mas seguimos corajosos, enquanto eles tremem de medo e seguem latindo. Latem forte. Às vezes mordem. Mas sabem que será impossível nos derrotar.
Alguns desiludidos ou fatalistas chegarão à conclusão que a revolução não é só poesia. Ouso questionar.
A poesia não é só beleza;
A beleza não é só alegria.
E a alegria não está só na paz.
A poesia não é só beleza;
A beleza não é só alegria.
E a alegria não está só na paz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário