mensagens, cartas, presentes, poemas, fotografias, desenhos, músicas, filmes, memória, quadrinhos, bilhetes de cinema, passagens de ônibus e avião. o tempo vai passando e são diversas as lembranças, materiais e imateriais, que vamos juntando de amores-para-sempre. histórias, sejam elas novelas, crônicas, romances, documentários... às vezes é curto e intenso como um hai-kai. às vezes longo, belo e doloroso como uma ópera.
depois de tantos amores-para-sempre percebemos que os amores não são para sempre, ao mesmo tempo que o são. passamos pela vida de tanta gente, tanta gente passa por nossas vidas, e seguimos partindo e chegando em vidas alheias, assim como chegando e partindo estão as pessoas em nossas vidas. em algumas chegamos sem pedir licença, invadimos a casa, o coração, o corpo inteiro. e de repente vamos embora, deixando a escova de dente semi-usada e uma saudade imensa. às vezes uma conta de telefone pra pagar de ligações de amor e desamor.
os anos vão passando e a gente passa a se esforçar para lembrar de algumas pessoas, outras continuam aparecendo constantemente, todos os dias, na memória. tem as que ressurgem, retornam ao ouvir uma música ou ver um filme antigo. ou encontrar um bilhete de cinema velho ou um recado cotidiano num papel amarelado do tipo "fui comprar pão". e vem com aquele grande e pesado: "e se". "e se fosse ele?". "e se não era pra ter sido do jeito que foi?". "e se tentasse de outro jeito?".
"e se". "e se eu pudesse entrar na sua vida?" - nosso grande inimigo. é duro de aceitar que as coisas são como são, que a vida é bela pelos belos acasos e maldita por esses imprevistos e armadilhas também. sorriso bonito. carinho. troca de olhares. conversa agradável. grandes expectativas - "e se". "e se". "e se." e de repente é mais alguém que mora longe, que já tem outro alguém, e que, e que, e que. mais um "e se". mais um "talvez seja diferente". sempre é, nunca é.
às vezes, o coração pede uma trégua. um sossego. uma praia, um por do sol, uma água de coco, com alguém legal, que pareça ficar dessa vez. sem "e se". às vezes o coração só pede um pouquinho de certeza. só um pouquinho, nem que seja pra respirar um pouco dessa vida angustiante de incertezas e acasos e emoções. uns dias, um mês, um ano de alegria e segurança.
é só isso que ele pede.
é só isso que eu peço.
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
a história de nós dois - e se?
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