Por um instante, imaginei a cena:
Você, no sofá, meio deitado, com o note no colo escrevendo algum panfleto. Eu, na mesa, com o note, os livros, os papéis, fazendo o TCC. Eu peço para ler um trecho para você, para saber se ficou confuso. Você gosta. Passado alguns minutos, você diz, esticando seus braços pra cima, num alongamento típico de quem cumpriu uma tarefa:
- Cabei! Quer ver?
Então eu vou até o sofá. Você senta. Eu deito. Percebo o quanto estou cansada - é a primeira vez que deito no dia. Minhas pernas disputam o seu colo com o note, que você me entrega para ler.
- Ficou bom!
Você aproveita a pausa e mostra um video engraçadinho do youtube.
A gente ri.
...coisas do coração.
Enquanto isso...
...coisas do coração.
Enquanto isso...
Você não está no sofá, nem na cidade, sequer no mesmo Estado. Mesmo assim, faltando 15 minutos para a meia noite você me chama pelo skype.
- Como foi seu dia?
A pergunta vem como um cafuné, e eu nem tenho coragem de dizer quão difícil foi. Pra ser sincera, as coisas difíceis se esconderam por trás do sorriso que veio e os olhos que brilharam, quando a distância se tornou pequena.
Mesmo que por um instante, mesmo que de mentira.
Um comentário:
eu já disse o quanto acho lindo esse texto?! eu sempre volto nele... Cotidiano sim dá um aperto no coração mas traz um alívio que ainda não entendi da onde vem :)
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