domingo, 23 de maio de 2010

continuando, continuando...

'Dói de todos os lados,
os de fora, os de dentro,
de baixo e de cima, nenhuma saída,
e você meio cego, meio tonto,
só sabe que tem que continuar,
meio sem esperança, as ilusões despedaçadas,
o coração taquicárdico,
língua seca,
e continuando.
Continuando.'

"Tateando traços difusos, vagas promessas. Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração. Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector "Tentação" na cabeça estonteada de encanto: "Mas ambos estavam comprometidos.Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível"."

"Sempre achei que os dois tipos mais fascinantes de pessoas são as putas e os santos, e ambos são inteiramente destemperados, certo? Não há que abster-se: há que comer desse banquete. Zézim, ninguém te ensinará os caminhos. Ninguém me ensinará os caminhos. Ninguém nunca me ensinou caminho nenhum, nem a você, suspeito. Avanço às cegas. Não há caminhos a serem ensinados, nem aprendidos. Na verdade, não há caminhos. E lembrei duns versos dum poeta peruano (será Vallejo? não estou certo): “Caminante, no hay camino. Pero el camino se hace ai anda”."

Todos do Caio Fernando. (e minhas, por que não?)

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