quarta-feira, 7 de abril de 2010

ok. falemos de "angústias"

política. tenho vontade de dar um puxão de orelha em todos os malditos que burocratizaram esse negócio, e fez com que ela ficasse tão alienígina na vida das pessoas - automaticamente fazendo com que a vida das pessoas fossem mais e mais alienante.

vejo política em tudo. na festa open bar (drogas e mais drogas disponíveis. alienação para permitir uma maior produção depois), no cartaz da tal festa (uma mulher semi-nua - século XXI e ainda somos objeto). na universidade, no trabalho, nas relações... ah! relações.

não faço política porque sou burocrata. faço política porque... porque... (paro em frente ao teclado. mãos no queixo, apoiados na mesa. por quê faço política afinal?). eu e Gui conversávamos outro dia, andando pela rua, a noite: pelo quê você luta?
há tanto tempo fazendo parte desse universo e nunca havia me perguntado tal coisa, aparentemente tão simples. um burocrata, entregue já aos vícios da esquerda, responderia de bate-pronto: "por um mundo comunista". de peito cheio, e cara de revolucionário.

a conversa foi fluindo num sentido de pensar em liberdade, em companheirismo, em amor, em amizades, em carinho, respeito, confiança... é. é essa a minha luta. esquerda, direita. a favor, contrário. instituinte, instituído. conservador, transformador. reformista, revolucionário. são milhões as posições e decisões que nos cobram dia a dia. mas de nada valem essas palavras se elas não vem acompanhadas do que realmente importa. afinal de contas, pra que se luta?

tendo isso mais claro, a militância se torna princípio na sua vida. não é parte dela. não é trabalho de 8h por dia. e falemos de "angústias", então. qual minha surpresa foi receber por e-mail o afastamento de um companheiro no movimento estudantil. qual minha surpresa maior foi não me surpreender por isso.

não tenho problemas em falar de sentimentos em listas de e-mail, em fazer da reunião quase que uma terapia de grupo. não tenho problema de misturar amizade com política, sentimentos com discussões... sou contra quando as pessoas justamente fazem isso, tornando isso separado.

"estou angustiado e por isso vou me afastar" - disse.
pois é, eu também tenho angústias. me irrito dia e noite com uma série de coisas, me pergunto a cada cinco minutos "o que que eu estou fazendo aqui". a "angústia" me move, não me imobiliza. a angústia me faz contar mais com meus amigos, e não me afastar deles.

sentimentos, decepções, frustrações, são inevitáveis. as nossas escolhas é que dizem muito sobre o que pensamos, e não o que sentimos. se eu sinto angústia, aproximo meus amigos, e não os afasto. se eu sinto raiva de algo, sinto medo, eu me mexo, e não fico parada me lamentando.

e pra terminar, um poema que me veio na cabeça, quando recebi o tal do e-mail de abandono. sei lá. faz tempo que não escrevo aqui, e dessa vez escrevo pra desabafar. odeio quando uso o blog pra isso. pra dizer coisas que sinto que não vale a pena dizer pra aquela pessoa com quem confiava tanto, tanta coisa.

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
[Mãos dadas, Drummond]

Um comentário:

Thais disse...

Belzinha, estava lendo o seu post!
Queria fazer duas conciderações.
Porque eu luto?
A minha resposta nada burocrata, pouco respondida, mas muito vomitada: Porque é preciso egoisticamente e coletivamente. É preciso!
Outra concideração é que eu já senti isso que você sente, mas sabe aprendi com os companheiros, que não podemos avaliar os companheiros de acordo com o que somos. Procuramos entender, acolher e ser solidários. Se não caímos naquela lógica deshumana, e não percebemos o quão outras coisas também são cupadas. Converse com ele, busque entender o que o angústia, se le mercer claro! Mas também não precisa me ouvir.
Só pensei em fazer essas conciderações!

 
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