ele pergunta, como criança que faz arte.
a verdade é que não dá pra saber. não se sabe o que é o "tudo", não se sabe o que é o "bem", menos ainda se sabe sobre o que se espera do "ficar"...fica? não sabe se fica, se vai e volta, se vai e não volta, se fica um dia, um ano, pra sempre. é difícil responder algo que caminhe no sentido de estabilidade, vindo de uma relação entre pessoas que cada dia a vida perde e ganha novos sentidos.
o que importa é: hoje se quer pra sempre, e as coisas se tornam no máximo "obstáculos", mas não "impedimentos". torna a brincadeira mais difícil, mas ela não tem cara de que vai acabar tão cedo (é horário de verão, o tempo de brincar é mais longo).
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tem horas que ele parece pequeno, como quando pergunta se vai ficar tudo bem. e ela se sente grande, explicando as coisas, como funcionam, como são, como deve ser; tem horas que ele parece grande. e ela deita em seu colo e escuta, atenta. tenta entender, aprender, e fica pensando sobre o assunto; tem horas que são dois perdidos num mundo estranho, vivendo esse negócio doido que é gostar - é que eles jogaram fora o manual de instruções que se distribui gratuitamente, e tiveram a idéia (que às vezes parece brilhante, às vezes nem tanto) de inventar o próprio. e fica um olhando pro outro e sorrindo, sem graça. "sinto muito, não sei o que se faz agora", dizem um ao outro.
por outro lado, é de se perder as contas de quantas vezes eles trocam frases como "nossa, eu sou assim também", "penso exatamente assim", "também senti isso"... nessas horas eles parecem grandes, entendidos, experientes.
ah! deliciosa dança de gostar-criando.
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Meu amor, meu cúmplice, eu sempre vou te achar
Nos avisos da lua, do outro lado da rua
Rodei todas as lanchonetes
Tive idéias perversas
Relembrei tantos golpes espertos
Você cada vez mais perto
Meu amor, meu cúmplice, meu par na contramão...
(Cazuza, Cúmplice)
Um comentário:
Meu ímpar na contramão, não?
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