É a primeira vez que escrevo nesse blog como um diário. É a primeira vez que me sinto bem, termino o dia com uma sensação boa, desde que a minha vó morreu. Queria guardar esse sentimento num potinho e poder olhar pra ele toda vez que a tristeza voltar. A culpa me assombra um pouco - por mais idiota que seja, me pergunto se tenho esse direito de ser feliz, considerando que minha vó deixou de existir faz tão pouco tempo. Mas sei que é besteira.
Hoje foi um dia em que luto e festa se misturaram e coexistiram como uma coisa só. Me perguntei quantas vezes não nos encontramos em situações assim, de risos chorosos, e nem nos damos conta.
Às vezes sinto falta da minha vó. Cada acontecimento cotidiano na minha vida penso no que ela responderia quando eu contasse pra ela a noite, cada acontecimento familiar imagino o jeito dela festejar, ou criticar a gente falando das famílias das amigas dela. Saber das expressões e falas da minha vó, apesar de trazer uma dorzinha de saudade, é bem reconfortante. Penso o tempo inteiro nessa oportunidade que tive de ter conhecido ela direitinho. Nas outras vezes que presenciei a morte veio uma sensação de vazio. Dessa vez não.
Milhões de pensamentos me atravessam no momento. Penso em salvar vidas, em lidar com mortes, em mudar o mundo acadêmico que vivo, e penso até em dormir, mas sei que vai ser difícil demais.
Penso que estive alheia de muitas coisas e que agora voltei. Talvez seja essa a sensação de fim de luto. Estou extremamente acordada, como se tivesse dormido quase 10 dias e agora voltei com todo o fôlego. Mas eu não passei 10 dias dormindo e estou esgotada, apesar de toda a energia. Talvez eu precisa dormir um pouco. Talvez eu precise não dormir e "tirar o atraso" dos dias "perdidos". Talvez...
Penso em reler esse post, tirar e colocar várias coisas. Mas acho que isso fugiria da proposta de escrever um diário, uma coisa meio "eis os pensamentos que me atravessam no momento". Por isso, termino por aqui, pra variar sem um fim. Sou extremamente preguiçosa para concluir coisas.
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
"é bom às vezes se perder sem ter porquê, sem ter razão. é um dom saber envaidecer por si, saber mudar de tom..."
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momento de si pra si
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Um comentário:
Hum, um post confessional pra adoçar a boca dos mais curiosos (diga-se de passagem, eu!)
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