Qual o primeiro livro que leu e qual o primeiro disco que comprou. Qual foi o último filme que chorou - se já chorou e porquê. Se tem saudade, se quando deixa de amar esquece, se já chorou de alegria, se já fui teu primeiro pensamento do dia alguma vez. Preferia Xuxa ou Angélica (Eliana, entra na história?), Globo ou Record, sapato ou tênis, Natal ou Páscoa. Quero entender por que seu sorriso é assim meio tímido, meio de lado, como se não era para ser. Tem medo de ser feliz? Ou medo que te tirem o sorriso? Tem medo? Saber porquê não gosta de incertezas manifestas nos meus "não sei". Se na água gelada entra com tudo ou molha primeiro as pontas dos dedos. O que pensa sobre MST, pena de morte, aborto, entre outras polêmicas.
Quero descobrir você, pois já me sinto descoberta - ainda que guarde alguns segredos para te contar aos pouquinhos, como em doses homeopáticas. Quero inventar assuntos e perguntas. Aprender a surfar ou a dançar tango, algo que eu possa me gabar e então te convidar para que te ensine. Ver muitos filmes e ler vários livros, conhecer lugares diferentes e viver histórias para que haja mais de mil motivos para mais de mil convites para sucos que serão tomados em São Paulo, Natal, Amsterdam, Hong Kong ou onde for.
Sigo com venda nos olhos que eu mesmo botei para nas linhas tortas ir atrás de ti, meio bêbada, meio sóbria, um tanto sonolenta e muito esfomeada de ti. Um ato inconsequente-consciente. Entre sucos, histórias e confissões clandestinas seguimos assim: Tu, objetivamente comprometido com outra mulher. Eu, subjetivamente comprometida contigo.
Quando me perguntou, pra onde vamos o que faremos ou algo do tipo, fiz cara de indiferente e não quis dizer, preferindo enfiar o garfo de arroz-feijão na boca e fingir que era esse o motivo do não falar: estar de boca cheia. Queria dizer: eu preciso de você. E dizer teu nome, olhando no fundo de teus olhos. Não encontrei um jeito de dizer isso sem assustar. Nessa sociedade em que vivemos, confessar que precisa de alguém é quase um pecado, ou uma declaração de fraqueza absurda. Não é atraente precisar. Pessoas auto-suficientes são as charmosas. As que precisam, queremos distância, sem perceber que no fim das contas não existe essa tal auto-suficiência, e que precisar não é doença. Te precisar é daquelas necessidades que inventamos e na impossibilidade de termos superamos, inventamos outras e a vida segue.
E seguirei precisando de ti até que venha a placa "PARE!". Quem erguerá a placa, não está definido. É ilusão minha dizer que sou eu, presunção tua dizer que será tu. Quando ela aparecer, vou virar artista para pintar quadros de bolas e quadrados e triângulos de várias cores e tamanhos que irão simbolizar amor-de-primavera ou som-da-cachoeira-aos-domingos ou qualquer coisa assim meio-cafona-meio-cool-meio-poeta-fake e totalmente incompreensível, nome de invenção de artista que só eu entenda (ou nem eu).
Eu e aquelas pessoas com ar de sabido, pseudo-intelectual-acadêmico-de-buteco, óculos de grau e cabeça inclinada um tanto a esquerda, com olhos analisando a obra de arte travaremos um longo diálogo sobre o significado da escolha pela espiral posicionado na centro-esquerda e que certamente envolverá Deleuze.
A obra principal terá teu nome, e espirrarei tintas de cores novas que inventarei para tentar traduzir o inexplicável gostar de ti.
E seguirei precisando de ti até que venha a placa "PARE!". Quem erguerá a placa, não está definido. É ilusão minha dizer que sou eu, presunção tua dizer que será tu. Quando ela aparecer, vou virar artista para pintar quadros de bolas e quadrados e triângulos de várias cores e tamanhos que irão simbolizar amor-de-primavera ou som-da-cachoeira-aos-domingos ou qualquer coisa assim meio-cafona-meio-cool-meio-poeta-fake e totalmente incompreensível, nome de invenção de artista que só eu entenda (ou nem eu).
Eu e aquelas pessoas com ar de sabido, pseudo-intelectual-acadêmico-de-buteco, óculos de grau e cabeça inclinada um tanto a esquerda, com olhos analisando a obra de arte travaremos um longo diálogo sobre o significado da escolha pela espiral posicionado na centro-esquerda e que certamente envolverá Deleuze.
A obra principal terá teu nome, e espirrarei tintas de cores novas que inventarei para tentar traduzir o inexplicável gostar de ti.
Um comentário:
Demorei a chegar na, quase desolada, aba de navegador onde tal texto repousava. Mas queria sim chegar aqui e estou bem contente pelo que enontrei. Boa revelação. Não chega a ser uma descoberta, diria. Foi mais a desobustrução de uma camada menos densa e opaca que isso. Foi, talvez, uma película ou fino vel que, retirado, revelou sua escrita. Evidentemente existem impensáveis extratos e todos sabemos: o Eu é algo extremamente oculto. Mas foi-me pertinente. Gostei mesmo. Sabia que deveria dedicar-lhe esse tempo(tinha um feeling de não-besteiras de sua parte).rrsrss
Parabéns. ABÇ Morvan
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