sábado, 8 de dezembro de 2012

Um primeiro esboço

Ela chama de "escolha libertária". um jeito bonito de dizer que estamos sozinhas. Bom, fato é que não estamos mesmo, mas ás vezes parece isso: uma militância. Falamos de outra coisa, embora não sabemos do que é. Viver romances, parece algo tão simples na minha cabeça, mas ao querer viver isso parece tão complicado.

 "Como assim não quer casar?".
Se sentir como ser uma "moderninha" da década de 20. Não se trata de uma luta para não se casar. Vejo histórias lindas, casais que quando briga sofro junto, pensando num possível término. Trata-se de ser contra a procura desesperada de um marido. É tão terrível assim acreditar que as histórias acontecem para além dos contratos matrimoniais, que pelo menos no amor e na paixão não nos renderemos às exigências do capital (casar-e-ter-filhos)?
Custou um tempo para confessar isso, porque relutei para acreditar que esse pensamento ainda existe. E aí ao pensar duas vezes, de fato não é tão absurdo. É o que explica o repúdio ao aborto e relações homossexuais e homoafetivas. Aquelas pessoas que fazem uma "escolha libertária" e constroem outro significado para amor,  afeto, família, companheiro, companheira, desafiando a norma de conduta atual. E como se acostumar com o fato de nos acostumarmos com o fato de que somos submetidos a um modelo de como nos relacionar! Isso já é um motivo pra lá de suficiente para se tornar comunista!

E nos esforçamos em provar que a mentalidade do príncipe-que-nos-troca-por-cabras-com-o-pai não é tão distinta da mentalidade do não-quero-um-relacionamento-sério ou vamos-só-curtir. Ambos são regras que colocamos acima do desejo. Relações fulgazes e superficiais ou a procura de um esposo-príncipe - são essas nossas escolhas? Não, muito obrigada. E que não seja nem o meio disso, uma espécia de "equilíbrio". Na tentativa de classificar as coisas, matamos o que há de espontâneo e nem sempre explicável. E para que o inexplicável caiba nessas regras, somos obrigados a reduzir o que sentimos, restringir nossa forma de se relacionar com as outras pessoas.

"Não pode ser assim. Não deve se jogar de cabeça... podemos só curtir.". 

não pode.
não deve.
não.
não.
não.

Regras que organizam o inorganizável. Incrível como precisamos dessas coisas para viver em relação com as outras. Por que não dizer: "EU não quero me jogar de cabeça"? Vontade de responder:
Surpresa: não trago nem véu, nem buquê, nem aliança, nem segredos escondidos.
Era vontade, muita vontade. Isso que trazia. Vontade de ficar junto. Mas agora passou.
E a burocracia venceu mais uma vez.

Mas jamais entenderia. Então respondemos: "ok". E seguimos com a "escolha libertária".


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