domingo, 9 de dezembro de 2012

Daquele que salva do abismo.

Os dois se encontram, de longe se reconhecem. Ela não muda a expressão séria e ele em um primeiro abre um sorriso e depois faz cara de que tenta entender a expressão séria.
- Oi. - diz, surpreso, contente e ao mesmo com olhos de quem tenta entender.
- Agora não. - ela continua andando, séria
- Eita.

"Agora não" - Não queria lidar com ele, naquela hora. Seus cabelos despenteados, a roupa não era das mais adequadas. Para além dessas futilidades, não sentia que existia intimidade o suficiente para que ele conhecesse seu lado sombrio, depressivo, conhecer seus olhos que ficavam mais claros quando chorava (embora ele já conhecia os olhos mais claros pós-orgasmo e adorava aquilo). Ele não estava preparado ainda para tal intensidade. Ele desvia o caminho para o mesmo dela, caminhando ao lado. Seguem em silêncio.

- Posso ajudar com alguma coisa?
- Não.
- Quer sentar em algum lugar pra gente conversar?
- Não. - ela apressa o passo.
- Posso te acompanhar? - ele apressa o passo também.

Ela fecha os olhos. Tenta conter sua tímida felicidade. É claro que queria a companhia dele. Era tudo que ela queria o tempo todo. Ele fica sério por um instante, tomado por uma ideia perturbadora:


- Não é por um outro homem que está assim, né?
- Não!
- Ah, tá bom. Então, posso te acompanhar?




- ... eu fico em silêncio, prometo, se assim preferir.
- Se eu disser que não, você vai parar de me acompanhar?
- Não.
- Imaginei... 

Ela esboça um sorriso, muito breve. Ele abre um sorriso grande. Lindo.

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