segunda-feira, 5 de novembro de 2012

por um afago

eu só queria saber, assim... quão loucura é querer viajar, assim, quase três mil quilômetros pra ter, assim, um afago teu? um carinho, assim, sem compromisso, tomando um suco ou um café, assim? ouvir da tua boca:
- vai ficar tudo bem.

mesmo que seja um consolo como esse, tolo, que a gente diz pra acalmar a pessoa e a si mesmo, que quando diz, a gente ao mesmo tempo se dissolve em pedacinhos dentro da gente, tamanha a angústia de ver aquela pessoa que a gente tanto gosta sofrendo tanto. aquele "vai ficar tudo bem" que não é automático, como quem não se importa, mas é por ser a única coisa que se pode dizer e então diz, mas o que diz é o que menos importa. poderia dizer "bolachas" ou "marte" ou qualquer coisa. mas tem algo no tom de voz quando diz, e na mão no rosto quando diz, e no beijo na testa quando diz e em outras coisas que acompanham o "vai ficar tudo bem" que faz a gente, tolinho, acreditar e, tolinho também, se sentir bem. e assim parece, enfim, que de fato vai ficar tudo bem.

tudo bem não ficou, as coisas continuam aí, o que está empacado está empacado, o que está pendente permanece pendente e o que nos dá tristeza e frustração continuam aí também. mas de repente tem uma força que vem do tom de voz, da mão no rosto, do beijo na testa e das outras coisas que acompanham que nos permitem erguer a cabeça e continuar.

passado o afago, eu viajaria os três mil quilômetros de volta, aliviada. e viveria alguns belos dias com até momentos de alegria e tranquilidade. os problemas continuam, as pendências, tristezas e frustrações... mas tem algo no quentinho da tua mão que permaneceria no meu rosto que me daria forças para enfrentar tudo. até mesmo a falta de você.

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