domingo, 4 de novembro de 2012

hoje sou gota

eu poderia me animar com a música ou com o filme ou com os estudos - há tempos abandonados e agora retomando com tanta força. eu poderia me animar que existe vento, apesar de ser artificial, vindo de um ventilador - cuja marca é "alivio" e eu achei isso extremamente poético - mas pensar que já houve tempos que eu vivia num apartamento que não ventava e era verão e não tinha ventilador.

e se talvez rolasse uma cerveja, um peixe frito, amigos na mesa de algum canto qualquer. histórias engraçadas seriam compartilhadas. eu contaria da vez que eu confundi meu crachá com a cartela da pílula anticoncepcional na frente do portão da escola aonde eu iria estagiar. poderia ter uma história nova - um poeta bêbado passaria e diria uma poesia erótica e ao nosso lado começaria a gritar palavras que são vistas como "sujas" e que nos deixaria com vergonha - e então nós iríamos rir juntos e naquele momento duas ou três pessoas pelo menos pensaria "que bacana é a vida". os demais não estariam pensando mas certamente sentindo. 

o sorriso poderia vir saudosista simplesmente de lembrar do passado da infância feliz da adolescência que demorou mas passou (sem muitas memórias alegres) da faculdade que trouxe bons momentos. mas hoje ser saudosista também traz um pouquinho de tristeza, então eu poderia sorrir pro futuro, de pensar que eu posso estar aqui ou acolá ou em qualquer lugar e existem tantas possibilidades abertas. mas isso tampouco tem sido motivo pra sorrir, é mais motivo de angustia, uma angustia do caramba. 

então talvez quem sabe eu ligaria para você e colocaríamos a conversa em dia e você diria mais do tal sexo que sente falta que envolve vestido, cores e uma saudade inteira não só do sexo e falaríamos de política e talvez trocaríamos palavras bonitas um com o outro, embora ultimamente elas tenham sido mais duras e com um pouco de rancor guardado. apesar disso, sei que seria uma boa ligação, que duraria cerca de uma hora ou mais, graças a TIM. a ligação poderia cair várias vezes - graças a TIM - mas nós ligaríamos de novo.

o sol lá fora tenta dizer que a vida é bonita e que existe praia e que existe sorriso e que talvez, talvez, talvez, exista alguém ali que eu vá esbarrar ou pediremos o mesmo sorvete ou riremos juntos de uma criança que fala algo engraçado e então, tão de repente quanto o esbarrão ou o sorvete ou a criança, estaremos dividindo o mesmo guarda-sol.

tudo que sei é que existem memórias alegres e possibilidades animadoras, basta abrir os olhos e ver. 
mas acontece é que estou cinza.
assim, voltei a escrever apenas em letras minúsculas e só percebi agora. 
hoje sou pequena. 
hoje sou gota.

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