quarta-feira, 14 de novembro de 2012

cum panis.

aquele pra ligar de madrugada mesmo que não vá dizer nada de útil. pra conversar. e ele agir como se não houvesse nada de estranho.
...
- e aí, tudo bem?
- sei lá. tive um pesadelo.
- hmm...
- e você?
- eu estou bem. que foi seu pesadelo?
...

aquele que sobreviveu aos tornados. nós sobrevivemos. apesar de tanto grito, tanta lágrima, tantos dias que pareciam que de nós só restariam ruínas, eis que demos um golpe da história e aqui está: hoje existe um "nós". amorfo, inexplicável em alguns momentos, com algumas cicatrizes delicadas de serem cutucadas, mas existe. não poderia ser diferente.

há uns bons anos atrás, nos perguntávamos porquê lutamos, enquanto andávamos pela rua a caminho de algum lugar. foi você foi quem me tirou da resposta automática "socialismo" ou "fim do capitalismo" e me fez pensar pelo que de fato lutamos: um mundo em que as pessoas possam ser sinceras. tempo de amar. tempo de viver. um mundo que tenha outro tempo. por mais bobo que isso seja  - e você me ensinou a me permitir ser boba, vez ou outra - você me ensinou a sonhar. ou: foi contigo que vi que sonhar é permitido, e mais que isso, é necessário. bem como é nosso dever batalhar por eles.

e nesse sentido de lutar e sonhar, há tempos atrás aprendemos a como construir isso juntos, e fizemos a doce escolha de sermos companheiros. companheiro. do latim cum panis. aquele com quem dividimos o pão e confiamos o suficiente para sentar conosco na mesa e dividir nossas ideias, vitórias, derrotas. é uma das palavras mais lindas que conheço e gosto de te chamar assim.

pois contigo divido o pão, as incertezas, e as poucas certezas também. você é aquele que sei-que-sempre-posso-contar. que me tira de apuros - e vez ou outra me bota em alguns também.

do tipo que me inspira, quando tudo parece sombrio e entediante, a seguir firme.
nem que às vezes precise de um empurrãozinho.

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