terça-feira, 16 de outubro de 2012

Cara ou Coroa?

Decidida, pensou: "basta!"
Embora não tenha verbalizado, seus olhos franziram traduzindo seu pensamento.
"Basta!" - repetiu, ainda mentalmente.
Decidira que iria voltar para casa. Chega, já deu. Hora de juntar os trapos e ir.


Foi então que viu que não tinha para onde ir. Não existia mais "voltar", apenas "ir". Ela e o "casco", a velha mochila manchada com suco de goiaba do mês passado, até hoje sequer um paninho passado. Um maço velho num bolso quase não usado, pra lembrá-la o tempo inteiro do vício antigo que abandonara. Passagens de ônibus e avião espalhados, uns amassados, dobrados, rasgados. Descobrira jeitos diferentes de passar o tempo nos caminhos.

A vida então era um amontoado de lugares com um amontoado de significados. Lugares em que se viveu momentos. Momentos em que trouxeram significados - seriam estes os motivos de retornar aos lugares? Ou fugir, talvez?

A decisão de "ir", levava a uma questão existencial, e na preguiça de preocupar-se com perguntas existenciais, apostou seu futuro na moeda.

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