segunda-feira, 20 de setembro de 2010

bagunça

e tua calça misturada com meus cadernos.
e teu casaco misturado com o meu, e minha bolsa.
e tua mochila enroscada na cadeira.
e tua camiseta - não tua, motivo este de briga, também - misturado em algum lugar que eu nem quis saber aonde.
suas moedas pelo chão, bem como tantas coisas minhas que caíram - celular, controle remoto.
as comidas roubadas da dispensa dos pais, no chão também.

a necessidade de arrumar a mala, e de ir pra outra cidade.
mais uma semana, e eu não queria ir assim, com tamanha bagunça - e dessa vez não me refiro às coisas pelo chão.
queria aproximar-me de você como um casal que se aproxima pela primeira vez. as mãos que se tocam em um acaso totalmente planejado. e das mãos que se entrelaçam viram braços que se enroscam até que então... um beijo. o primeiro. queria beijar você pela primeira vez de novo.

você se arruma apressado - é dia de rodízio, e além do mais, tem a zona azul do bairro burguês de meus pais.
eu me escondo debaixo da coberta, pois a luz acesa sempre me irrita de manhã - com o tempo fui aprendendo a me antecipar e me esconder antes de você acender a luz.
você termina de arrumar a tua bagunça - a da calça, da moeda, do casaco, da camiseta não-tua, que são as menores bagunças suas e minhas - e senta na ponta da cama, pega em minha mão, e nos olhamos procurando saídas, ou entradas, já nem sei.
por um momento me ocorre se, de repente, surge a famosa música do plantão da globo - aquele que sempre anuncia alguma desgraça, ou algo chocante - "informamos que subitamente o rodízio foi cancelado, e todas as vias para descer para a Baixada Santista estão bloqueadas".


mas a televisão nem ao menos está ligada.


é, meu bem, então éramos nós outra vez. cara a cara, tendo que se virar naqueles 10 minutos.
então eu pego tua mão e digo:
- sei que ficaremos bem, tenho certeza disso. e você?
- acho que sim
- é isso que temos, então.

você bota a mochila nas costas, eu visto uma roupa qualquer e te acompanho até a porta.
um beijo de vontade de ficar mais - às vezes é o que basta para saber que estamos juntos.

Um comentário:

Flavia Esmério disse...

Oi Izabel, aqui é a Flávia, fiquei bastante interessada nos textos que a Raquel Guzzo ficou de encaminhar. Sabe como posso tê-los?

 
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