quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

a violência é tão fascinante, e nossas vidas são tão normais.

primeiro, os berros. xingamentos, gritos. alguns minutos depois...
PÁ.
PÁ.
PÁ.
começa a agressão. viver em sociedade, que maravilha. a modernidade é mesmo uma beleza. amontoados de apartamentos empilhados, com paredes finas que permitem saber das intimidades das vidas alheias. saber de forma compulsória. todos os dias X mulheres são agredidas pelos seus respectivos maridos. uma delas é a minha vizinha do lado. todos os dias X mães bebem e agridem seus filhos. uma delas é a minha vizinha de cima. tudo isso acompanhando de um belo som de fundo, de carros passando, pessoas pisando no andar de cima, vizinha de baixo que molha seu quintal e é claro, música alta de algum andar. às 21h, uma vizinha do andar de baixo assiste a novela. "tã-na-na-na-na-nãam".
TUM
TUM
portas fechando. mais gritos. mais pegadas. mais objetos sendo jogados.
e as vizinhas discutem o escândalo de três estudantes mulheres no prédio "de família". recebem homens direto, ora vejam só! isso é uma vergonha.


...enquanto isso, do outro lado da cidade (onde a classe média - a classe média que ao chegar em casa, quando pensa que ninguém mais vê e ninguém mais ouve nada, espanca suas mulheres e filhos - diz morar a pobreza, aquele grupo de seres humanos em condições inumanas) crianças brincam de "bope", com suas arminhas e escudo. com seu ódio precoce no olhar.

e viva a civilização.


2 comentários:

Kinna disse...

Ela desapareceu mesmo nessa violência que é a vida.

Kinna disse...

Não aguento mais ficar no vácuo quando venho aqui. Atualize já!

 
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