quinta-feira, 8 de abril de 2010

"a nossa poesia é uma só, eu não vejo razão pra separar..."

verborragia confessionária
eu sinto muito muito muito muito muito. sinto mil coisas. sinto fisicamente - o meu corpo, a dor na coluna, a dor na cabeça, o peso no pescoço e nos ombros, os olhos tensos nas coisas, tentando acompanhar, o sono que me domina nas horas inapropriadas - e a insônia que toma conta na maior parte do tempo. sinto emocionalmente, paixão por tanta coisa, amor por algumas pessoas que me fazem tão bem. sinto a dor das coisas do mundo - a fome, a miséria, as notícias deprimentes (seu conteúdo triste e seu formato - a forma que se escreve, tão burguesa- nojento e detestável). sinto tédio, da graduação, ao mesmo tempo em que acho que desprezo muito mais que ela merece. tanta coisa neguei estudar, ler, pensar, e hoje sinto falta. sinto ansiedade, muita muita ansiedade. tanta coisa pra aprender, tanta coisa pra ensinar, tanta coisa pra trocar, tanta gente com quem trocar...
e no meio disso tudo, eu. eu e meu cotidiano besta. eu e minha vida besta, comparada ao mundo grande e tantas vidas bestas. eu, com meu cotidiano besta mas possivelmente com alguma importância, quem sabe, para algo ou para alguém.

dos muros miseráveis
nesse blog pouca coisa falo de concreta. pouco comento de tantos acontecimentos, pelo menos não de forma objetiva. no entanto, estranhamente a questão dos muros da favela me motivaram a escrever. e é estranho, porque depois de tanta coisa deixada pra trás, tantos acontecimentos merecedores de um texto, um comentário, ou algo assim. e eu falarei de algo do rio de janeiro, lugar que pouco frequento.
acho que qualquer acontecimento hoje permite ser um puta analisador da realidade que temos, de forma mais ampla. qualquer dia comum da minha faculdade pode servir para fazer uma análise da conjuntura da educação no Brasil hoje. no entanto, escolhi falar dos muros. dos muros do rio de janeiro. dos muros miseráveis do rio de janeiro.
sei dos muros há um tempo, mas ele era apenas uma coisa a se acrescentar das coisas bizarras que temos no mundo. essa chuva, esse desastre que matou tanta gente (recuso a numerar - o "tanto" traz muito mais emoção que uma quantidade númerica monstruosa - porque um pra mim é tanto.). esse desastre que matou tanta gente pobre.
há pouco, no começo do ano, lembro de ter tido um desastre em angra dos reis, numa pousada dessas burguesas. as pessoas ficaram chocadas. melhor: a mídia fez com que as pessoas ficassem sentidas, sofressem pelas mortes ali.
a mídia faz o mesmo com as tantas mortes da favela, e tá até ajudando a arrecadar doações - olha só que bonzinhos! mas não deixa de citar, nas entrelinhas, como é complicado essas pessoas que vão morar em lugares inapropriados.
o governador até declara: quem manda irem morar lá? não pode morar lá! é um absurdo pensar que viver lá aparente ser tão escolha como alguém que decide morar no copacabana ou no leblon.
não gosto de falar muito disso, porque as pessoas automaticamente vêem como uma "defesa dos pobres", e caem para um outro erro: considerarem coitadinhos e tratarem como animais indefesos.
a questão é: a chuva é natural - e nem sei dizer até que ponto não somos até responsáveis por esse tempo doido, mas enfim. tempestades podem até ser desastres naturais. terremotos podem até ser desastres naturais. mas a miséria não é. e acho uma filhadaputice da mídia burguesa, comentar dos desastres naturais e pouco falar do desastre do capital, que mata muito mais gente que qualquer chuva, que qualquer tremor de terra. que gera sofrimento, que produz uma lógica nojenta e detestável.
eu não entendo como as pessoas podem ser a favor desse troço bizarro e nojento. como as pessoas podem se omitir diante disso. não entendo mesmo. dêem a solução que quiserem, a questão é que é inaceitável, pra mim, conformar-se com a condição de viver num sistema que produz miséria. é inaceitável viver num sistema que dependa de miséria. que funcione na base da miséria. seu combustível é pobreza e sofrimento, e isso me adoece.
e aí faz muros na favela. pra ninguém ver. pra copa bombar no brasil. e as pessoas estão ali porque querem. é uma análise interessante. primeiro, cercam a burguesia: condomínios gigantescos, cheios de segurança. agora, cercam a favela, para ela não tomar conta da cidade. um novo conceito de território.

de amor, porque sem amor não dá
eu tô angustiada, como tenho ficado ultimamente. a angústia toma vários rostos - e você é um deles. cinco tentativas frustradas de escrever mensagens que respeitem o limite de caracteres permitidos pelo celular. nenhuma cabe tudo que quero te dizer. e tudo que queria te dizer era que queria ouvir de você. o que? é estranho dizer que queria ouvir que me ama. isso soa carente e fraco, e não tenho me sentido nem carente, nem fraca. eu tenho lidado melhor com a angústia, e uma prova disso é saber falar dela com você, e não ficar discutindo. acho que a angústia não passa pelo medo de você deixar de gostar de mim, mas de você deixar de gostar de mim e não avisar. e fico ansiosa, querendo saber se ainda gosta, se eu posso me declarar e se posso contar com você. porque eu amo você pra caralho e tô gostando de ficar com você. e quero colo, e quero te dar colo. colos mútuos. eu falo, você escuta. escuta e diz e troca. você fala, eu escuto. escuto e digo e troco. e a gente chora e ri. você é um grande amor meu. um amor pra vida inteira, daqueles que será sempre lembrado com sorriso. sorriso gostoso que vem quando penso em você. você diz que meu sorriso é bonito e eu digo que ele é bonito porque reflete amor que vem de nós dois.

depois de tanta angústia, um não-final de amor.

2 comentários:

Kinna disse...

É bizarro. Você fala de ansiedade na primeira parte. E, na verdade, as três partes me causaram ansiedade. A primeira por aquilo que você diz de desprezar a graduação mais do que ela merece. Eu também faço isso. E mais que você - eu acho.
A segunda, por aquilo que vc comenta sobre nunca opinar a respeito de notícias e acontecimentos e então decidir opinar sobre o muro das favelas. Isso me dá ansiedade porque enfatiza tudo aquilo que deixo passar, porque não tenho mais vontade de ficar gritando minha opinião por aí e sentir que tá todo mundo com as mãos nos ouvidos.
A terceira, porque vc fala que seu receio é que ele deixe de gostar e não avisar. E a minha ansiedade subiu a mil aí, porque, no fim das contas, dentre todos os meus medos acho que esse é o carro-chefe. Os outros são consequência. Tô prolixa hoje. Acho que é resistência anti-social. Pra ninguém ler mesmo.

cesar disse...

http://www.youtube.com/watch?v=Z00jjc-WtZI
:)

 
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