sábado, 10 de abril de 2010

"você não é feliz."

ela diz, como quem fala sobre o tempo, no elevador.
ela acusa, como se soubesse muito sobre a minha vida.
ela afirma, como se entendesse quem eu sou.
- ... - ... - ... -
nada a dizer. conversas a minha volta e a cabeça atordoada. quem sou eu, o que faço. cobranças. minha e dos outros também. dor. olho inchado. não quis olhar para o rosto dele, nem que me encostasse. os olhos inchados e o corpo retraído também não permitia.
"que merda que é amar." - confessa. deixa escapar uma declaração, no meio do caos.
tenho motivos para não ficar junto, e motivos para ficar. é quase que uma aposta o que escolho, hoje. espero o dia em que terei certeza, e direi com voz firme: te quero, e sou feliz com você.
mas hoje a voz quase não sai. está fraca.
hoje os olhos são pesados e secos. não tem mais lágrima pra cair, mas existe vontade.
foi-se o tempo em que era: amor, escola, família. tudo separado. hoje é tudo bagunçado e já não sabe o que junta com o quê. e a política se mete em tudo quanto é canto.
um romance que começa numa elaboração de texto de enade.
no meio disso tudo, uma declaração: gostei de te conhecer.
fui eu que causei isso.
agora aguenta.
- ... - ... - ... -
o pior de tudo, ao dizer "você não é feliz", é que não quis dizer "sim, eu sou.".
queria dizer: "você também não é."

Um comentário:

Kinna disse...

Os olhos caídos dão sempre a impressão de tristeza. Nela e em você. :-/

 
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