segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

eu quis amar o que o tempo não muda.

eu deixo livre e você fica.
você fica.
você fica.
eu deixo livre e você vai.
você volta?

você foi.
e de repente
sou eu e saudade
sou eu e lembrança
sou eu e a vontade.

e se não existe vontade de mim, em você, a porta está aberta.
e você vai.
eu disse vai e você foi.
a porta estava aberta e você foi.
um beijo na testa, um abraço apertado e um "até logo".
você vai - você foi!

e quando tiver vontade de mim de novo, você volta.
a porta continua aberta.
é fato que a porta estará aberta, como sempre estará.
a porta não fecha pois há tempos perderam as chaves.
ficou por aí, debaixo de algum tapete,
entre algumas promessas que hoje são vistas como ilusão.
as promessas ficam perdidas com a chave.
se não se fecha mais a porta, também já não se usa mais as promessas.

um dia, quem sabe, a porta estará aberta, mas mudo de casa.
e no quarto estará as roupas,
o lençol usado,
o cheiro,
as lágrimas.
ingressos de cinema amassados, anotações, presentes.

quando for, será que deixo tudo?
ou levo comigo?
e se eu fico, você vem? quando?
e quando você vai tirar o pó da nossa lembrança?
e quando vai me tirar debaixo da sua pilha de coisas.
eu vi, eu olhando pra você - sorrindo (dia feliz aquele) - debaixo das suas coisas, que foram ficando em cima da gente.
de repente a imagem que parecia tradução da realidade, ficou gasta.
ela perdeu a cor e ficou tão branca-e-preta quanto foto antiga, daquelas de amor de outra década.
você não pendurou nossa lembrança, deixou coisas acumularem por cima dela.

e você diz que me ama, e eu digo que acredito - e acredito!
mas o que a gente faz com aquela sensação do amor que tá indo embora?
o que a gente faz quando olha no olho e se vê indo embora,
quando de repente já não é mais tão fácil se achar lá dentro - tem que dar uma procurada.

seu olhar aponta pra parede do seu quarto mas não é a parede que você vê.
eu estou do seu lado, te assistindo, e você assiste seu passado.
seu olhar aponta pra tela do computador - emails e emails acumulados - e não é o email que você olha.
eu estou do seu lado, te assistindo, e você assiste seu calendário - a chance de reencontrar um outro amor.

e eu entendo, entendo tudo.
tudo é compreensível, e tudo é entendido e respeitado e conversado.
mas o que se faz com a dor que aperta?
o que fazer com a dor que é olhar no olho e não se achar?
de repente seu olho não me reflete mais.
e eu entendo. até isso eu entendo.

e a porta está aberta, e dessa vez você vai.
e eu te espero voltar, porque hoje, é só isso que tenho:
uma porta aberta.
a saudade,
teu cheiro,
roupas,
lençol usado,
ingressos amassados,
anotações,
e vontade.

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