terça-feira, 13 de outubro de 2009

ele não é do tipo que se apresenta aos pais (será?)

da série: mentiras que nos contam quando somos crianças. (talvez vire mais um marcador, he)
quando somos crianças, adultos nos explicam o mundo dividido em dois: existe o bom, e o mau. o feio, e o bonito (e Melanie Klein ainda tem a cara deu pau de dizer depois que isso é culpa só do bebê!). assim, gente bonita faz coisa bonita e gente má faz coisa feia.

coisas bonitas: bom aluno, educado, no futuro bom profissional, um bom cidadão (joga papel no lixo e vota conscientemente - é o que a gente aprende sobre o que é ser bom cidadão), honesto, que tem relações sólidas e namora com alguém bacana que futuramente casa, alguém capaz (é, depois a gente entende que esse troço de mundo capitalista começa desde dentro de casa, com mamãe dizendo: se você for bom, vai se dar bem), ser sincero, ter muitos amigos-mas-especiais (tem que ser bem-relacionado, pra contar pra psicóloga do RH da empresa que você deseja trabalhar, he), entre outras muitas coisas.

o oposto disso tudo é o feio.

coisas feias: usar drogas, não ser dedicado, má educação, ser gordo (sim, coisas do capital: ser gordo é culpa do sujeito), agir contra a lei, dormir pouco, mentir, não se alimentar direito, dormir com várias pessoas, ser burro, ... (nossa, é difícil pensar em coisas feias sem ser o oposto das bonitas).

enfim, o oposto disso tudo é o bonito.

então crescemos, conhecemos pessoas e mentalmente falamos: "ok, ele é uma pessoa educada, aproximar", "ok, ele usa drogas então é mau, afastar" e por aí vai.
até que um dia a gente se aproxima de alguém (essa historinha é fantasiada, e o ar colegial é porque estou assistindo felicity - essa situação que você lerá a seguir foi imaginada acontecendo numa "primeira festa de faculdade"), e ela é super legal, e você conversa, conversa e esquece da sua tabelinha moralista mental, até uma hora que a tal pessoa declara:
- tenho um relacionamento aberto.

e primeiro você se assusta, e entristece: terei que me afastar.
mas você resolve continuar, sabe-se lá porquê. é quando descobrimos que:
existem pessoas que não são sociáveis e são gênios e se dão super bem na vida; existem gênios que usam drogas e morrem de overdose (não precisa nem ser tão gênio: os médicos que nossas mães tanto querem como maridos exemplarem, que roubam suas droguinhas no hospital pra ficar ligado); existem pessoas que morrem de overdose e são super bem relacionadas; existem pessoas que são super bem relacionadas e são gordas; existem pessoas gordas que namoram e se casam; existem pessoas que namoram e se casam e traem; existem pessos que tem várias relações e são sinceras; existem pessoas sinceras e mau educadas; existem pessoas mau educadas que se tornam chefes, até presidentes. ah, sim, você aprende que não adianta nada ser bom cidadão, já que os candidatos, esses sim, são feios. (não resisti a oportunidade)

enfim, a historinha pode ter sido meio tosca, mas é que na verdade não sei quando se descobre que o que seus pais (que pra nós, são bonitos, na maior parte das vezes a gente acha isso quando é criança) mentiram. e eles podem continuar bonitos pra nós. talvez tenha gente que passe a vida inteira sem se dar conta de que isso é uma mentira.

e aí? o que fazer, se não dá pra classificar as pessoas dessa forma? bom, daí nos resta conhecê-las. ver o que toleramos e não toleramos, o que nos aproxima e o que nos distancia, ver porque não toleramos ou porque nos aproximamos e pensar se isso vale a pena...

ah! olha eu dizendo o que se fazer. há. que besteira! era só pra reclamar e questionar mesmo, não pra dar conselho. no fim, é isso: não existem mocinhos e bandidos. no fim das contas, você descobre que o mocinho dorme com várias pessoas e o bandido conhece poesias lindas. e o que a gente faz com isso?

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