quarta-feira, 8 de julho de 2009

Experimentando escrever...

Amores, acasos e manhãs
tentativa ousada de um texto (8 parágrafos!)

Nos encontramos. Era noite. Seja qual for o motivo, sempre nos encontramos à noite. Por algum acaso. Uma vez foi no mercado. O meu, não o seu. Você disse que ia pra casa de um amigo e lembrou desse mercado, entrou pra comprar cerveja. Eu, ridiculamente sumi com o chocolate que estava na minha mão e peguei uma garrafa de vinho.

Não expliquei nada. Contar mentiras seria patético demais. Não é vergonha de minha situação. Gosto de noites com chocolates e filme, sozinha, e num programa de entrevistas descobri que Selton Mello também gosta. Não que ele seja referência, e ele não falou nada de barra de chocolate, mas é uma pessoa que eu presumo que tenha possibilidades de companhia, e ainda assim assiste a filmes sozinho. Mas enfim, uma barra de chocolates num sábado a noite, mesmo que seja apenas um dia, sempre será uma barra de chocolates num sábado a noite.

Tudo isso não importa. O que vim falar é da última vez que nos vimos. Dessa vez, não foi tão casual. Eu descobri que você iria no bar, e fui. Com amigos, é claro. Era um dia bom, daqueles que seu cabelo acorda contete e estranhamente você está diferente, mesmo sem ter feito nada. Era dia de te ver.

Meus últimos romances não tem fins. Só começos. Alguns, com sorte, chegam a ter meio. Mas fim, nenhum. Explícito, pelo menos, não. Apenas aqueles fins que só os inteligentes podem ver.
Você não teve fim (pelo menos ainda não). Eu fui ao bar, nos encontramos. Para você, foi mais um acaso. Eu não desmenti, pois mais um acaso para nossa história não faria mal algum. Pelo contrário, às vezes me pego acreditando também que tenha sido acaso.

Nos encontramos e foi bom. Caipirinha de saquê. A primeira que tomei foi com você, e todos nossos "acasos" merecem caipirinha de saquê. Tomamos duas, três. Os amigos foram embora. Cerveja, uma dose de pinga com mel. Fomos até a minha casa. Mais cerveja. Você viu quantos filmes acumulei, desde a última vez que nos vimos. Sei que lamentou por estarmos bêbados demais para assistir a algum. Sabia que não emprestaria nenhum, pois o próximo encontro é sempre um mistério. E você sabe o quanto eu tenho ciúmes dos meus filmes.

Faltava pouco para amanhecer. Enquanto nos beijávamos, pensava ser tudo inútil. É mais um caso inútil. Não leva para lugar algum. Amanhã você vai embora e sou eu sozinha novamente. Mas afinal, que lugar queria que fosse levada? Não penso em casamento. Filho, menos ainda. As pessoas me irritam quando convivo com muita frequencia, embora ache que eu irrite mais ainda conforme me envolvo. Então, o que me faz dizer "não levará a lugar algum, melhor desencanar?".
Penso em manhãs. Longas espreguiçadas. Cafés, cigarros, planos para o dia. Expectativas. Banhos. Eu com a sua camiseta. Restos da noite passada pela casa. É nisso que penso na vida a dois. Realmente, eu sou ótima com as manhãs. O problema é existir tarde, noite, madrugada. Mau humor, insegurança. Medo. Compromissos. Com o trabalho, com os outros, entre dois.

É manhã. Estou na cama, lendo um livro. Até o fim. Poesias. Porque poesia tem cara de manhã: com direito a longas espreguiçadas e expectativas. Você vai embora. Seja qual for o motivo, todas as manhãs você acaba indo embora. Por algum acaso.

2 comentários:

fabio disse...

Muito loca essa sua vida paralela imaginária

João disse...

Bér!

Gostei do texto, mas não deixa de ser muito diferente de umas coisas que você já escreveu aqui (ou conversamos em algum momento...), só que com um formato um pouco diferente!

Bem sua cara, para bem e para o mal. =P

beijos!

 
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