quarta-feira, 8 de outubro de 2008

a doença, a carência e o sentido da vida.

ontem, de repente, fiquei doente. o corpo enfraqueceu, a cabeça começou a doer demais, e então as costas, e então fiquei enjoada, e então fiquei com febre. quase como uma relação direta, do tipo sentir frio e começar a tremer, fiquei carente.
adoecer me faz ficar carente. vontade de ser mimada. fico resmungando por aí, suspirando alto pelos cantos. "oh vida, oh céus". de repente, acho que nada mais justo o mundo inteiro trabalhar para fazer me sentir bem. mas é óbvio que, como uma manhosa de qualidade, eu não peço nada pra ninguém, e fico nos meus altos suspiros, esperando alguém perceber e oferecer ajuda. para então eu falar "ah não, magina...".
e a noite acabou, a febre passou e sem ajuda de ninguém. acordei melhor, e fui pra minha rotina. no fim da tarde, na discussão de um texto, surge questões sobre o sentido da vida. o porquê de eu ligar esses 3 pontos (doença, carencia e sentido da vida), eu não sei. só sei que faz todo o sentido. a doença e a carencia estão explicadas. acho que a carencia me deixou mais sensivel pra ficar mais afetada com essa questão do sentido da vida.
o que mais mexeu comigo é que há ANOS eu não me fazia essas perguntas clichês do tipo "pra que estou aqui?", "qual é o sentido da vida?", "e qual o objetivo de estar nesse mundo, afinal?".
essas perguntas simplesmente fugiram do meu vocabulário. as reflexões foram para outro caminho, e quando isso surgiu assim, de repente, no meio de um conto japonês... sei lá! foi esquisitíssimo. uma mistura da angústia que essa pergunta traz, com a angústia de lembrar do tempo em que eu fazia essas perguntas.
é verdade que quanto mais se estuda, mais chato você fica. são das mais diversas as consequências. se posicionar como O SÁBIO, aquela pessoa que sabe de tudo, tem resposta pra tudo, e barra o diálogo dando respostas, e não abertura para a conversa. outra consequência é questionar todas as palavras que vai usar. a primeira, eu espero nunca ser assim, embora às vezes meu lado pseudo-intelectual e nerd-da-escola solta algumas respostas, tento sempre me controlar.
já a segunda... aí é complicado. não consigo mais falar "aluno", é estudante. não consigo mais falar "vamos nos conscientizar" ou qualquer coisa do tipo. ser humano, me incomoda. e ultimamente, e isso é muito bizarro porque eu nem sei daonde tirei isso, acho difícil responder "sim" quando me perguntam se "está tudo bem".
como que eu vou poder dizer que está tudo bem? eu posso dizer que está, já que não fui mal numa prova, não perdi nenhum braço, não fali, não incendiaram a minha casa ou pisaram no meu pé. mas está tudo bem mesmo? o que é estar "bem"? acho mais fácil dizer que estou feliz, e (essa parte eu omito mesmo, senão me dariam um tiro de tão mala que eu seria), no sentido mais deleuziano possível.
enfim, não achei o sentido da vida, mas encontrei um motivo pra escrever aqui.
e isso basta. por hoje, pelo menos.

"tem tanta gente no mundo vivendo vidas seguras
será que só eu me sinto tão confuso?
eu enxo a vida de sustos, de vagalumes e estrelas...
e fico feliz por nada ou quase tudo.
(...)
e o que me importa, são mais perguntas que respostas..."
Leoni, Mais perguntas que respostas

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