sexta-feira, 19 de setembro de 2008

a vida é mesmo assim. dia e noite, não e sim.

há alguns meses, abri mão de minha armadura. por cinco anos tive ela, me protegendo de tudo e de todos, evitando uma grande exposição que poderia me ferir. com ela pude ter momentos imensamentes felizes, e sempre seguros. enquanto estava protegida, o que pudesse dar errado, nada seria tão grave a ponto da minha armadura não dar conta, e eu sabia, sempre, que nunca estava sozinha.

falando assim, podem achar idiotice minha abrir mão de uma armadura potente como essa. não digo que não foi. sem armaduras, dá medo. acordar é sempre um risco. mas era tempo de se arriscar, embora eu não saiba explicar muito bem o porquê (e talvez seja melhor não buscar muito, antes que eu descubra que de fato fora uma idiotice gigante).

sem armadura, sem proteção. perdi o chão, o teto e as paredes.
cortei as cordinhas e me despi pro mundo.
mordi a vida com todos os dentes e pude sentir todos os gostos que ela tinha pra me oferecer no momento. do doce abraço de um encontro com alguém especial a um amargo sumiço.

sem armaduras, a tendência foi virar pedra. e fui ficando fria, firme, durona. por dentro, sempre derretida, prestes a se desmontar. como uma trufa de chocolate saindo da geladeira, prestes a enfrentar o calor da cidade.

e assim foi. foram dando soquinhos, esbarrões, tapinhas, cutucões, até que hoje me desmontei. fiquei em caquinhos, prestes a ser recolhida e embrulhada num jornal, esquecida em um lixo qualquer. aqui estou. desmontada. despedaçada.

e tudo o que eu penso é que é tarde demais pra usar armadura, e cedo demais pra buscar outra.
ainda estou em pedaços, e uma armadura não protege pedaços.
estou novamente em caixa postal com o mundo, desesperada por socorro, mas sem voz pra gritar.

tudo que eu quero é que esse episódio acabe, pra começar uma nova temporada...

3 comentários:

Pedro Pacheco disse...

Bom... então aqui é o André!!!
As armaduras podem ser fortes mas, como diria Freud: Elas, por tempo, até podem segurar o medo que você tem de encontrar com a vida, aquela vida que exala dos seus olhos mesmo quando seus eles sorriem e as lágrimas escorrem pelo seu rosto. No entanto, sempre irá sair- ou explodir- por algum poro. e a explosão talvez não seja tão interessante assim. Se o medo é de dizer adeus linda diga Adeus no momento em que você diz olá e continue como se não tivesse dito nada.
Bjão linda!!!!!!!!!

Pedro Pacheco disse...

bel
todo mundo troca o exoesqueleto...
bjus!

Pedro Pacheco disse...

é biologico!!!

 
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