Pensei esses dias que a gente vira adulto tão rápido quanto o dia vira noite no verão. Parece que demora pra chegar, mas quando é pra escurecer, vira noite em um segundo, piscando o olho.
Há um tempo atrás meus pés cabiam nos quadradinhos da calçada, e eu ia indo, em linha reta, às vezes perdendo o equilíbrio. Há um tempo atrás eu mal pegava ônibus, fazia tudo pertinho de casa. Dormia cedo quando tinha que acordar cedo (pra começar, existia a viabilidade de ir dormir cedo ou não).
Hoje me vejo acordando sozinha num apartamento em Santos. Ouço barulho de chuva, corro para a área de serviço, porque nao lembrava se tinha fechado a janela antes de dormir.
Dou uma rápida espriguiçada e faço um café, que como com torradas ouvindo um pouco do jornal da manhã. De vez em quando solto uma risada irônica enquanto escuto as notícias políticas.
Corro pra sair e conseguir pegar o ônibus que costuma passar no ponto umas 7h50, pq o que vem depois sempre atrasa e vai cheio.
Chego na faculdade, vejo meus amigos discutindo sobre o transporte público na Europa. Vou ler o jornal, pra ver se sai uma notícia que estou esperando. De repente, as notícias de jornal estão diretamente relacionadas com o meu cotidiano. De repente, eu tenho responsabilidades.
É uma coisa idiota, mas se eu lembro de um tempo atrás, pensava que as responsabilidades a gente se responsabilizava de forma racional, clara. Hoje vejo responsabilidades caindo e eu abraçando, assumindo, defendendo.
De repente, eu tenho uma agenda. Uma agenda grande, com reuniões agendadas. De repente, eu faço reuniões!!! De uma hora pra outra, os partidos não são só parte daquilo que passa no horário político (que em casa chamavam de hora do bobo).
Não vou falar que gostaria de voltar ao tempo de dormidinhas pós-almoço ou de pequenas responsabilidades. Eu só fiquei realmente impressionada com a velocidade que as coisas aconteceram, e continuam acontecendo.
A sensação da vida estar acontecendo. Eu só consigo controlar e entender a minha vida quando nada acontece. Só entendo a minha vida quando não vivo. Esquisitíssimo. E afinal, o que é que a gente realmente tem a ver com as nossas próprias vidas?
"eu falo de amor a vida, você de medo da morte.
eu falo da força do acaso e você de azar ou sorte.
eu ando num labirinto e você numa estrada em linha reta."
paulinho moska
sábado, 13 de setembro de 2008
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