terça-feira, 6 de outubro de 2009

pensamento solto

eu gostaria de saber quem foi o adulto filho-da-puta que resolveu espalhar aquela crença na infancia de que viver era:
nascer;
crescer;
reproduzir;
envelhecer;
morrer.
alguém podia esclarecer, no mínimo, que no meio disso tudo tanta coisa acontecia.
esclarecer que, no mínimo, a gente não "cresce, conhece alguém legal e casa".
e que os relacionamentos não começam e terminam e então começa outro (às vezes eles acontecem ao mesmo tempo, às vezes eles retornam do além, às vezes eles desaparecem no vento...).

não fiquei decepcionada. pelo contrário, a vida pareceu até mais emocionante, e muita coisa fez mais sentido agora que sei que não era tão simples assim.
mas me senti enganada. além disso, imagina só como muita coisa não seria mais fácil se, desde o principio, os adultos falassem que tem muito mais coisa por aí.

eu gostaria de saber quando é a próxima assembléia do mundo dos adultos - agora que creio que posso participar - em que se delibere não mais contar essa mentirada toda.
a da cegonha, creio que já foi encaminhada uma moção de repúdio pra quem ainda faz.
o papai noel tá saindo de moda também.
agora, na próxima assembléia, vamos todos combater essa ladainha.

2 comentários:

Flauto disse...

esquece isso... vira adulto não! diz que quando isso acontece, você dá razão p'ra eles.

capaz de você votar contra você na assembléia.

Brn Ornlls disse...

Essas suas palavras me fizeram lembrar de um poema muito bonito, veja:

ADULTOS (Maiakovski)

Os adultos fazem negócios.
Têm rublos nos bolsos.
Quer amor? Pois não!
Ei-lo por cem rublos!
E eu, sem casa e sem teto,
com as mãos metidas nos bolsos rasgados,
vagava assombrado.
À noite
vestis os melhores trajes
e ides descansar sobre viúvas ou casadas.
A mim
Moscou me sufocava de abraços
com seus infinitos anéis de praças.
Nos corações, nos relógios
bate o pêndulo dos amantes.
Como se exaltam as duplas no leito do amor!
Eu, que sou a Praça da Paixão, *
surpreendo o pulsar selvagem
do coração das capitais.
Desabotoado, o coração quase de fora,
abria-me ao sol e aos jatos d'água.
Entrai com vossas paixões!
Galgai-me com vossos amores!
Doravante não sou mais dono de meu coração!
Nos demais - eu sei,
qualquer um o sabe -
O coração tem domicílio
no peito.
Comigo
a anatomia ficou louca.
Sou todo coração -
em todas as partes palpita.
Oh! Quantas são as primaveras
em vinte anos acesas nesta fornalha!
Uma tal carga
acumulada
torna-se simplesmente insuportável.
Insuportável
não para o verso
de veras.

*Praça de Moscou

 
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