sexta-feira, 16 de outubro de 2009

cenas de um cotidiano de cenas

Fim de semana passado, andando pela avenida paulista. andar pela av. paulista, como já disse outras vezes aqui, é sempre algo intenso: a música tocando e eu olhando as coisas e, de vez em quando o fone cede o ouvido pra alguma coisa que precisa ser escutada.

Foi assim, chegando quase na avenida augusta. estava parado aquele VEDDAS, com seu VEDDAS-móvel, hehe. A idéia é uma espécie de van que possui um telão, que fica passando cenas fortes sobre maltrato de animais. Eu não ia parar - já vi, e gosto mais de olhar os cachorrinhos sendo adotados no "Como assim?!", que fica próximo.

Enfim, o que me fez parar foram duas crianças, aparentemente moradoras de rua, assistindo ao vídeo, de olhos super arregalados. Assistiam àquilo com grande dedicação, quase em frente à tela, como o cachorrinho do 101 dalmatas.

Fiquei lá, assistindo eles assistirem. Era uma concentração incrivel. E eu concentrada neles, até chegar um panfleteiro do negócio...
- Oi, já viu esse video?
- Já sim.
- É, e ainda piora...
- É... na verdade, eu parei por causa das crianças, estou impressionada com essa cena. (não consegui entender direito o porquê, mas era algo tipo: crianças aparentemente maltratadas assistindo aos maltratos dos animais exibidos numa tela, com ar de coisa feia)
- Anh... (responde o cara, não muito interessado em conversar). Pegue um panfleto, fique a vontade.

E nisso ele foi, para outro casal. Antes disso não pode deixar de ir até às crianças.
- Oi, vocês podem se afastar um pouquinho pras pessoas poderem ver?
As crianças se afastam, mas não muito, não deram muita atenção ao cara. O cara, considerando que foi fazer isso depois de eu ter apontado, não tinha dado muita atenção a elas também.

Entrega os panfletos ao casal e repete a cena:
- Ja viram esse video?
- Ah, não nao. Parei porque estou tentando ser vegetariana e.... (a mulher empolgada em contar sua vida ao moço desconhecido. as pessoas se sentem sozinhas e contam suas vidas pra quem dá brecha, mesmo que seja desconhecido).
- (o homem interrompe e diz): É, e fica pior (acho que decorou essa fala e não consegue dialogar com as pessoas).

Bom, após passar um letreiro de um dos videos (são pequenos), as crianças correm para o moço que panfleta e começam a perguntar:
- Vocês que filmam isso?
- Onde isso acontece?
(e mais várias perguntinhas, entusiasmadas)

Mas o homem não tem tempo. Responde rapidamente a uma ou duas questões e vira de costas, continuando a conversa com o casal que tenta ser vegetariano.
As crianças notam a falta de interesse e voltam a ver um pouco do vídeo. Minutos depois, a menina corre pro moço e pede as horas. O moço diz: 20h30.
A menina chama o menino e eles vão embora. É meu caminho, então vou indo na mesma direção que eles - já não há o que assistir mais por lá.
Nisso, descem uma escadinha que tem uma corrente e ficam lá, entre o fim da escada e uma porta.




Era hora de dormir.

Um comentário:

Fernando disse...

Nada como um ecochato que contribui pra falta de amor no mundo. E depois dormirá em sua cama de cabeça tranquila - salvou a vida de mais uma vaquinha

 
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