quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

"eu acordei, não tem ninguém ao lado..."

olho pro teclado. já é noite e chove na são paulo. escuto uma versão estranha do korn com o the cure cantando uma música que antes eu cantava chorando pensando em outra pessoa. outra pessoa da qual minha história se tornou real novamente assistindo a um filme numa tarde quente de santos. história que tornou real no passado, e "outra pessoa" que antes eu jamais referiria como "outra pessoa".

"outra pessoa" antes era "ele", e hoje "ele" é uma "outra pessoa". uma "outra pessoa" que eu lembro assistindo a um filme que parece diagnosticar os sentimentos doentios que a gente cria para evitar o término de uma relação que te sustenta.
e tentar sustentar uma coisa que te sustenta, só pode dar merda. e até que não deu. nos saímos bem, afinal.

do fim com o "outro", vieram "outros". dos "outros", outros elementos - sentimentos, cheiros, diferentes sorrisos e outros motivos pra lágrimas - surgiram, que até surgiram às vezes no filme, que também permitiram refletir o que acontece até agora. retrospectiva amorosa de fim de ano.

e hoje chove. mas de manhã não chovia lá fora. dentro de mim que estava nublado, nublado, quando estiquei meus braços pro lado direito da cama - o que declaramos (ou melhor, eu declarei, na tentativa de mais uma vez assustar com qualquer coisa que assemelhe uma relação matrimonial) ser o seu lado - e não havia ninguém lá!!!

que coisa, que coisa louca, que coisa linda que é!
vivia uma vida "dois-em-um". era nós dois numa vida dupla como um só. o mundo a dois se abriu e multiplicou pra um milhão de coisas - livros, assembleias, encontros, bares, palestras, cursos, e até mesmo uma lembrança muito bonita do passado que antes jamais seria passado. e hoje escrevo coisas aleatórias porque chove e eu estou cansada e é fim de ano, época de pensamentos vagos na frente de um computador.

a vida abriu, o amor expandiu, mas alguma coisa ainda parece não mudar: sempre há alguém a quem a gente dedica aquela música de amor que a gente ouve por aí. essa pessoa às vezes chega quietinha, sem fazer muito barulho, pra não atrapalhar. sabe que pode te pegar de mau humor, ou com alguma cicatriz recente, ou sem saco mesmo pra essas coisas aí. de repente, a música toca e a pessoa tá ali: quando vc menos notou, a música começou e o pensamento já parou na pessoa.

"Te dou amor enquanto eu te amar
Prometo te deixar quando acabar
Se você não quiser
Me viro como der
Mas se quiser me diga, meu amor
Pois se você quiser
Me viro como for
Para que seja bom como já é"
arnaldo antunes

e outro dia deu um cagaço fudido. não sei bem o que é, foi esquisito. não era medo de te perder, pq eu não sinto que te tenho pra mim. foi algo forte, deu medo mesmo: eu olhei pra você e primeiro pensei "que do caralho isso tudo!", mas em seguida um sentimento me assombrou. um sentimento de "isso-não-é-pra-sempre-e-logo-logo-acaba".

mas aí eu te olhei nos olhos e tudo ficou bem. o medo sumiu junto com a coragem que surgiu. coragem de mergulhar num negócio incerto e esquisito e profundo que umas pessoas chamam de amor. eu chamo, pra não perder o costume. mas pra mim esse sentimento tem teu nome e é só teu.

(esse trecho eu escrevo no escuro, ouvindo uma música baixinha e com vergonha da confissão)

Um comentário:

Anônimo disse...

poético e nostálgico, como todo fim de ano e férias juntos... e ainda mais no frio agora né?

 
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