quarta-feira, 26 de março de 2008

"acho mesmo que meu mal é querer todos os instantes."

As páginas do livro dançam na minha mão. Vou pra frente, pra trás, retorno e retorno mais, para depois avançar tudo novamente. O sorriso se abre ao mesmo tempo que a alma se apequena. Frases bonitinhas falando da angústia que é viver.

É, cada vez mais me sinto uma reprodução mal elaborada de Clarice. A sensação a cada página é de reconhecimento e desapontamento de não elaborar os pensamentos tão maravilhosamente bem quanto ela.

No título, uma frase para comemorar meu um ano de vida universitária.
É isso. Não quero escrever mais pois sairá ridículo, como as palavras acima.

Pra não terminar bruscamente, deixo mais um trechinho do livro Correspondências:

"Mas ainda não vi neve caindo propriamente dita, em flocos. Quando vejo já está no chão, e como é pouco fica logo meio derretida, não muito branca. A primeira vez o chauffeur do consulado veio me dizer que o carro estava com nevinha. Eu abri a porta saí correndo e peguei um punhado (fica um pedaço grudado a outro), quando veio Maury com um ar zangadíssimo, bateu na minha mão que segurava a neve, a neve caiu e eu fiquei com cara de boba. Então ele me lembrou que eu estava resfriada, que podia pegar uma pneumonia etc. Mas eu estava inconsolável. No dia seguinte, eu estava no quarto, Maury entrou com um papel dobrado, desembrulhou e mostrou um pouquinho de neve que ele tinha ido buscar pra mim. A coisa estava derretida, horrorosa e Maury com um ar de triunfo, mas era um presente mesmo."

Nenhum comentário:

 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...